Eduardo Galeano. Las orillas del silencio.

Mi amigo y «estudiante» (solo fui miembro del comité de defensa de su tesis en la UNAM de México años atrás, cuando este libro era una tesis universitaria) Román Cortázar finalmente acaba de publicar (Siglo XXI) ese encantador libro sobre un amigo en común, Eduardo Galeano. Conozco pocos uruguayos (por no decir ninguno) que hayan conocido la obra de Eduardo tan bien como Román. Los invito a leer su libro. Si quieren entrevistarlo me contactan.

jorge majfud, agosto 2024.

50 aniversario de Las venas abiertas de América Latina

Este año Las venas abiertas de América Latina cumple 50 años. Que no pase desapercibido el cumpleaños de un libro imperfecto como todos, pero valiente como muy pocos.

Aquí algunas fotos que sacamos con el escritor uruguayo y viejo amigo Gustavo Esmoris y con la compañera de Eduardo Galeano, Helena Villagra, en su casa de Montevideo.

Hasta el momento he leído sólo una tesis del escritor mexicano Román Cortázar Aranda (quien hizo un estudio de campo en Montevideo y del cual fui profesor asociado para su comité de posgrado de la UNAM de México). Un par de años antes María Laura Pellinacci había escrito sus tesis en Argentina sobre Eduardo.

En cierta forma, mi libro La frontera salvaje. 200 años de fanatismo anglosajón en América latina, a salir este año, es una forma de recordar a mi querido amigo. Aun años después de su último vuelo no logro acostumbrarme a la idea.

https://elpais.com/cultura/2015/04/13/actualidad/1428954790_945943.html

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Las venas abiertas de América latina recibió una Mención en el concurso de Casa de las Américas. Lo menciono porque esas cosas de los concursos son siempre así de irrelevantes.

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O Caçador de Histórias

Do último livro de Eduardo GaleanoO Caçador de Histórias, publicado após a sua morte a 13 de abril de 2015, retirei estas pequenas histórias.

 

ESTRANGEIRO

Num jornal do bairro do Raval, em Barcelona, uma mão anónima escreveu:

O teu deus é judeu, a tua música é negra, o teu carro é japonês, a tua pizza é italiana, o teu gás é argelino, a tua democracia é grega, os teus números são árabes, as tuas letras são latinas.

Eu sou teu vizinho. E ainda me chamas estrangeiro?

 

 

OS LIVRES

De dia, guia-os o sol. À noite, as estrelas.

Não pagam bilhete, e viajam sem passaporte e sem preencher impressos da alfândega nem dos serviços de emigração.

Os pássaros, os únicos que são livres neste mundo habitado por prisioneiros, voam sem combustível de um polo ao outro, tomando o rumo que lhes apetecer e à hora que quiserem, sem pedir licença aos governos que se julgam donos do céu.

 

 

OS NÁUFRAGOS

O mundo viaja.

Há mais náufragos que navegantes.

Em cada viagem, há milhares de desesperados que morrem sem contemplar a travessia para o paraíso prometido onde até os pobres são ricos e todos vivem em Hollywood.

Não duram muito as ilusões dos poucos que conseguem chegar.

 

 

COSTUMES BÁRBAROS

Os conquistadores britânicos ficaram com os olhos esbugalhados de assombro.

Eles provinham de uma nação civilizada, onde as mulheres eram propriedade dos maridos e lhes deviam obediência, como a Bíblia mandava, mas na América foram encontrar um mundo às avessas.

As índias iroquesas e outras revelavam-se suspeitas de libertinagem. Os maridos nem sequer tinham o direito de castigar as mulheres que lhes pertenciam. Elas tinham opiniões próprias e bens próprios, direito ao divórcio e direito de voto nas decisões da comunidade.

Os brancos invasores já não conseguiam dormir em paz: os costumes das selvagens pagãs podiam contagiar-lhes as mulheres.

 

 

O PRAZER, UM PRIVILÉGIO MASCULINO

O que é esse rolinho de carne que espreita por entre as pernas das mulheres? Para que serve?

A ciência não achava resposta, até que se impôs a certeza de que o clítoris era um erro da anatomia feminina. Em 1857, o cientista inglês William Acton sentenciou:

– A mulher recatada não procura o prazer no sexo. Ela só procura comprazer o marido e dar-lhe filhos.

E por essa altura já se tinha demonstrado que o orgasmo feminino era imaginário e desnecessário para o sagrado exercício da maternidade.

 

 

A GARRA CHARRUA

No ano de 1832 os poucos índios charrua que haviam sobrevivido à derrota de Artigas foram convidados para assinar a paz, e o presidente do Uruguai, Fructuoso Rivera, prometeu-lhes que iam receber terras.

Quando os charruas estavam bem comidos, bem bebidos e bem adormecidos, os soldados avançaram. Os índios foram esfolados à faca, para não se gastarem balas, e para não se perder tempo em enterros foram lançados ao ribeiro Salsipuedes.

Foi uma cilada. A história oficial chamou-lhe batalha. E de cada vez que nós uruguaianos vencemos um troféu de futebol, celebramos o triunfo da garra charrua.

 

 

REPITA A ORDEM, SE FAZ FAVOR

Nos nossos dias, a ditadura universal do mercado dita ordens bem contraditórias:

Temos de apertar o cinto e temos de baixar as calças.

Os mandatos que vêm de lá de cima do alto do céu não são muito mais coerentes, verdade seja dita. Na Bíblia (Êxodo 20), Deus ordena:

Não matarás.

E no capítulo seguinte (Êxodo 21), o mesmo Deus manda matar por cinco motivos diferentes.

 

 

 BREVÍSSIMA SÍNTESE DA HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA

Há já uns séculos que os súbditos se disfarçaram de cidadãos e que as monarquias se preferem chamar repúblicas.

As ditaduras locais, que se dizem democracias, abrem as portas à entrada avassaladora do mercado universal. Neste mundo, reino dos livres, somos todos um só. Mas somos um ou somos nenhum? Compradores ou comprados? Vendedores ou vendidos? Espiões ou espiados?

Vivemos presos entre garras invisíveis, atraiçoados pelas máquinas que simulam obediência e mentem, com cibernética impunidade, ao serviço dos seus patrões.

As máquinas mandam nas casas, nas fábricas, nos escritórios, nos seus escritórios, nas plantações agrícolas, nas minas e nas ruas das cidades, onde nós peões somos incómodos que perturbam o trânsito. E as máquinas mandam também nas guerras, onde matam tanto ou mais que os guerreiros fardados.

 

 

 O DIREITO AO SAQUE

No ano de 2003, Samir, um veterano jornalista do Iraque, andava a visitar alguns museus da Europa. Museu após museu, descobria maravilhas escritas na Babilónia, heróis e deuses talhados nas colinas de Nínive, leões que tinham voado desde a Assíria.

Alguém se aproximou, oferecendo ajuda:

Quer que chame um médico?

Engolindo as lágrimas, balbuciou:

Não, por favor. Estou bem.

E depois explicou:

Magoa-me simplesmente ver quanto roubaram e quanto roubarão.

Dois meses depois, as tropas norte-americanas lançaram a sua invasão. O Museu Nacional de Bagdade foi saqueado. Perderam-se

cento e setenta mil obras.

 

 

SAGRADA FAMÍLIA

Pai castigador, mãe abnegada, filha submissa, esposa muda.

Como Deus manda, a tradição ensina e a lei obriga:

O filho golpeado pelo pai que foi golpeado pelo avô que golpeou a avó nascida para obedecer,

Porque ontem é o destino de hoje e tudo o que foi continuará a ser.

Mas numa qualquer parede, algures, alguém rabiscará:

Eu não quero sobreviver.

Eu quero viver.

 

 

CASTIGOS

Em 1953, a Câmara Municipal de Lisboa publicou a sua Portaria nº69035:

Verificando-se o aumento de actos atentatórios à moral e aos bons costumes, que dia a dia se vêm verificando nos logradouros públicos e jardins, determina-se à Polícia e à Guarda Florestal uma permanente vigilância das pessoas que procurem frondosas vegetações para a prática de actos que atentem contra a moral e os bons costumes, e estabeleçam-se as seguintes multas:

1º Mão na mão: 2$50

2º Mão naquilo: 15$00

3º Aquilo na mão: 30$00

4º Aquilo naquilo: 50$00

5º Aquilo atrás daquilo: 100$00

Parágrafo único: Com a língua naquilo, 150$00 de multa, preso e fotografado.

 

 

A PERIGOSA

Em novembro de 1976, a ditadura militar argentina crivou de balas a casa de Clara Anahí Mariani e assassinou os seus pais.

Dela nunca mais se soube nada, embora desde então figure na Direção de Investigação da Polícia da Província de Bueno Aires, na secção reservada aos delinquentes subversivos.

A sua ficha diz:

Extremista.

Ela tinha três meses de idade quando foi catalogada assim.

 

 

SE ESTÁ NO LAROUSE…

Em 1885, Joseph Firmin, negro, haitiano, publicou em Paris um livro de mais de seiscentas páginas, intitulado Sobre a Igualdade das Raças Humanas.

A obra não teve difusão, nem repercussão. Só encontrou o silêncio. Naquele tempo, ainda era palavra santa o dicionário Larousse, que explicava assim o assunto:

Na espécie negra, o cérebro está menos desenvolvido do que na espécie branca.

 

 

 ASSIM NASCEU LAS VEGAS

Lá por volta de 1950 e picos, Las Vegas era pouco mais do que nada. A sua maior atração eram os cogumelos atómicos que os militares ensaiavam por ali perto e que davam espetáculo à assistência, exclusivamente branca, que podia contemplá-lo do alto dos terraços. E também atraíam o público, exclusivamente branco, os artistas negros que eram as grandes estrelas da canção.

Louis Armstrong, Ella Fitzgerald e Nat King Cole eram bem pagos, mas só podiam entrar e sair pela porta de serviço. E quando Sammy Davis Jr. mergulhou na piscina, o diretor do hotel mandou mudar a água toda.

 E assim foi até que em 1955 um milionário estreou em Las Vegas aquilo a que chamou o primeiro hotel casino inter-racial dos Estados Unidos. Joe Louis, o lendário pugilista, dava as boas vindas aos hóspedes que já eram brancos e negros; e assim Las Vegas começou a ser Las Vegas. Os donos da aldeia que se transformou no mais famoso paraíso de plástico continuaram a ser racistas, mas tinham descoberto que o racismo não era um bom negócio. Ao fim e ao cabo, os dólares de um negro rico são tão verdes como os outros.

 

PEQUENO DITADOR INVENCÍVEL

Matar era um prazer, e pouco importava se o finado era veado, pato ou republicano. Mas as perdizes eram a especialidade das caçadas de Francisco Franco.

Num dia de outubro d 1959, o Generalíssimo matou quatro mil e seiscentas perdizes, e assim superou o seu próprio recorde.

Os fotógrafos imortalizaram esta jornada vitoriosa. Aos pés do vencedor jaziam os seus troféus, que cobriam os solos do mundo.

 

 

ESSA PERGUNTA

A família Majfud tinha siso afrontada pela ditadura militar uruguaiana, sofrera no cárcere torturas e humilhações, e fora despojada de tudo o que tinha.

Uma manhã, os meninos estavam a brincar num velho carrinho de mão quando se ouviu um tiro. Eles estavam longe. Mas o tiro atravessou os campos de Tacuarembo e então souberam, quem sabe como, quem sabe porquê, que o estampido viera da cama da tia Marta, a mais querida.

Desde essa manhã, Nolo, o mais pequeno da família, pergunta e pergunta-se:

Porque nascemos, se temos de morrer?

Jorge, o irmão mais velho, tenta ajudá-lo.

Procura uma resposta.

Os anos vão passando, como passam as árvores diante da janela do comboio; e Jorge continua à procura da resposta.

 

http://otempoemquevivemosotempoemquevivemos.blogs.sapo.pt/137-dos-indignos-e-dos-indignados-36830

La culpa es de los intelectuales

French >>

El País de Montevideo en su editorial de hoy 7 de noviembre de 2017, hace tua culpa de Eduardo Galeano, Mario Benedetti y Daniel Viglietti por apoyar la violencia, acusándolos de “corresponsables de los trágicos desvíos de un sector de la juventud uruguaya.” La sola palabra “desvíos” recuerda a la dictadura uruguaya y a muchas otras, como las palabras de aquel ministro argentino de Bienestar Social que se quejaba que el problema de los estudiantes era que tenían demasiado tiempo para pensar y “el exceso de pensamiento produce desviaciones”.

De la violencia crónica que apoyó El País, antes, durante y después de la dictadura, nada. Así resulta que, en un continente plagado de brutales dictaduras, asesinatos en masa, racistas y de clase, desde un siglo antes que la Guerra Fría sirviese como excusa para más opresión y matanzas, los intelectuales fueron los promotores de la violencia.

No los generales que ordenaban desapariciones de disidentes, violaban y torturaban a gusto, muchos de ellos asesorados por nazis (como Klaus Barbie) protegidos de las potencias “del mundo libre”.

No los grandes empresarios que telefoneaban al gobierno estadounidense para apoyar un golpecito aquí y otro allá.

No algún que otro latifundista que disponía de sus peones y de sus hijos como de su ganado.

No de los comisarios que aprendían técnicas de tortura en escuelas internacionales.

No de aquellos que ponían millones de dólares para comprar armas o comprar opiniones en los medios.

No de los dueños de los grandes medios que manipulaban la opinión pública o simplemente ocultaban la realidad con mucho humo para perpetuar el estado semifeudal.

Oh, no, todos ellos eran responsables y moderados hombres, honorables ciudadanos dispuestos a sacrificarse por la Patria. Todos repetían que habían servido a la patria por no decir que la patria les había servido a ellos.

No, claro, los peligrosos radicales eran esos intelectuales que usaban ideas y palabras radicales. Esos peligrosos radicales por los cuales América Latina estaba como estaba y si no estaba peor era por las dictaduras que sirvieron a una minúscula clase exportadora y explotadora por más de un siglo, apoyados por sus ejércitos, sus escuelas, sus iglesias y sus grandes miedos de comunicación.

Cierto, Uruguay no fue el peor caso de América Latina. Tal vez fue casi una excepción, precisamente, por su precoz nivel de educación y sus figuras críticas. Pero esos malditos intelectuales a los que apunta el dedo acusador de El País no limitaron su crítica a su propio país, que las merecía (¿o no?) sino principalmente a la mil veces brutal realidad latinoamericana y a sus implicaciones lógicas con el imperialismo internacional (algo que, obviamente, no existía para El País y muchos de sus lectores).

 

Jorge majfud

 United Nations Pay Tribute to Author Eduardo Galeano

PRESS RELEASE

 26th May, 2015,  New York, NY, USA

On the 26th of May 2015, The United Nations paid tribute to writer Eduardo Galeano in its conference room.

 

 Naciones Unidas Homenaje a Galeano

 Those participating in the event included Fernando Carrera, the Ambassador of Guatemala, Susana Malcorra, Chief of Staff of the UN Secretary General, Uruguay’s Ambassador to the UN, Gonzalo Koncke, Ambassador of Argentina, María Cristina Perceval, and Acting President of the General Assembly, Denis Antoine.

 Panelists who were responsible for the presentations were Australian Ari Gaitanis, Head of the Public Information Unit at the UN, Spanish journalist Grace Augustine, the Colombian writer Norman Valencia, and Uruguayan writer and Jacksonville University professor, Jorge Majfud. Gaitanis referred to his discovery of Latin America through García Márquez, Octavio Paz and Eduardo Galeano. Augustine recalled various moments in the work of Galeano, while Majfud analyzed modern utopias and their relationship with the Amerindian cosmology.

Following the comments of ambassadors from different Latin American countries, the tribute ended with the participation of the Uruguayan bandoneon player, Raul Jaurena.

Source http://www.pressreleaseservice.co.uk/eduardo-galeano/4589529677 

 

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La culpa es de Galeano

​​

Las cenizas de Eduardo Galeano no se habían enfriado todavía cuando un ejército de sabios desenvainó sus viejas plumas para mantener viva la heroica tradición de denuncia contra los “teóricos de la conspiración”. Sus generales olvidan o minimizan el rol de los conspiradores, aquellos que no manejaban teorías ni palabras hermosas sino estrategias y acciones precisas, aquellos que no escribían libros sino abultados cheques y decretos lapidaros.

Es interesante leer cómo se califica a intelectuales y escritores como Galeano de radicales extremistas: hace más de cuarenta años Galeano quiso, entre muchas otras cosas, explicar el subdesarrollo de América Latina como consecuencia del desarrollo ajeno que, solo por coincidencia, era el desarrollo de aquellos países que practicaron a escala global la brutalidad imperialista cuando no colonizadora, la esclavitud gratuita cuando no la asalariada, las opresiones de aquellos que pueden oprimir. Desde entonces, sus enemigos no han dejado de explicar ese mismo subdesarrollo como consecuencia de que los latinoamericanos leían a Galeano. El imperialismo, los golpes de Estado, las guerras civiles inducidas, los complots vastamente documentados por sus propios autores, nunca existieron o solo fueron un detalle.

Ahora, si un intelectual no es radical (en el sentido de “ir a la raíz”) no sirve para nada o simplemente es un difusor de propaganda y de lugares comunes. Lo cual no quiere decir que la acción que siga a un pensamiento radical debe ser radical. A mi modesto entender, la mejor formula es piensa radical, actúa moderado, porque uno nunca sabe en qué punto las ideas y los razonamientos toman un mal camino, ya que, a diferencia del corazón, el cerebro es un órgano programado para equivocarse. Pero no es mala idea usarlo de vez en cuando.

No deja de ser significativo por demás el hecho de que aquellos que usan las palabras son extremistas, mientras los que se valen de toda la fuerza de las armas y de los capitales más poderosos del mundo son invariablemente moderados. Lo que de paso prueba de qué lado están los creadores de opinión.

Eso queda claro cuando un presidente lanza a todo un país a una guerra equivocada (o basada en “errores de información”, o en “falta de inteligencia”, como luego reconocieron primero Bush y luego Aznar, dos máximos teóricos y prácticos de la conspiración), deja un tendal interminable de cadáveres por todo el mundo y luego de unos años se retira a un rancho a pintar sospechosos autorretratos al mejor estilo Van Gogh: le hubiese bastado una sola palabra políticamente incorrecta para perder su trabajo y su honor. Una palabra, nada que no haya podido decir en el sagrado seno de su hogar, por ejemplo “negro”, “marica” o algo por el estilo deslizadas sin querer sobre un micrófono en una cena de mandatarios o en un almuerzo de beneficencia, alguna palabra sincera que luego llamandesafortunada y que le hubiese ahorrado a la Humanidad medio millón de muertos y un continente entero sumido en el caos.

Claro, aunque quienes usan palabras desde el margen son peligrosos extremistas, luego resulta que sus libros solo están llenos de palabras bonitas. Como si los poetas cortesanos que tanto abundan en nuestro tiempo con otros nombres no usaran palabras para justificar al poder de turno.

Los moderados del centro no critican la realidad; la manipulan a su antojo. O casi, porque también existe desde siempre la dignidad de la resistencia que, paradójicamente, ha sido la que ha probado ser la fuerza mas democrática y progresiva de la historia. Basta con echar una mirada al siglo XX para hacer una lista innumerable de antiguos demonios que ahora son venerados como dioses de la democracia y los derechos humanos.

Claro, los poderosos, no los hombres de letras sino los de armas y dinero, son los realistas, los que han alcanzado la madurez de la experiencia, la sabiduría de cómo funciona el mundo. La realidad es la que ellos han organizado en su beneficio y para que otros poetas cortesanos canten loas al emperador de turno. Casi todo el progreso ético, científico y tecnológico de la historia se produjo en etapas de la historia previas al capitalismo o sus autores, creadores, inventores mas recientes (Galileo, Newton, Einstein, Turing, casi todos los cerebros que desarrollaron Internet en Estados Unidos, etc.) fueron cualquier cosa menos capitalistas. Pero resulta que a la magia del capitalismo y sus pastores, los mega gerentes e inversores, les debemos la invención del cero y la llegada a la Luna, la conquista de los Derechos Humanos, la democracia y la libertad, como si no hubiese abundante ejemplos de dictaduras tradicionales donde el capitalismo ha florecido, desde la vieja América Latina hasta la más moderna China, pasando por plutocracias como la de Estados Unidos.

Se le atribuye a Göring la fase: “cuando oigo la palabra cultura, saco mi revolver”. Sea suya la expresión o no, lo cierto es que esa fue la practica nazi. A principios de los 60, recuerda el premio Nobel Cesar Milstein que un ministro del gobierno militar decía que en la Argentina las cosas no se iban a arreglar hasta que no se expulsaran a dos millones de intelectuales. Cuando efectivamente, en la década de los sesenta, se expulsó a Milstein y a todo un grupo de inminentes científicos y escritores, la Argentina se encontraba a la par intelectual de Australia y Canadá. El resto es historia conocida: la culpa es de Eduardo Galeano y su libro Las venas abiertas de América Latina, y por eso el libro fue prohibido en el continente y su autor debió exiliarse en Europa.

Galeano dedicó su vida a criticar a los poderosos; los poderosos nunca se defendieron, porque otros dedicaron sus vidas a criticar a Galeano.

La Gazeta

La Republica

La Jornada

Relacionado: Radio Uruguay, «La máquina de pensar»  

 

Past, Present, and Future: Interview with Eduardo Galeano

 

https://www.washingtontimes.com/news/2009/apr/28/obama-fields-press-gifts-in-first-100-days/

Abril y sus escritores

​D​esde Shakespeare y Cervantes, cada vez que muere un gran escritor al poco tiempo muere otro. Y no sé por qué, pero casi todos se van en abril. Si hago una revisión de memoria de alguno de mis escritores de respeto, entre ellos están, aparte de aquellos clásicos del renacimiento que murieron una misma semana de abril de 1616, Alejo Carpentier, Cesar Vallejo, Roa Bastos, Jean-Paul Sartre, Octavio Paz, Ernesto Sábato y tantos otros. Algunos, como Juan Rulfo, Juan Carlos Onetti, Carlos Fuentes y Mario Benedetti esperaron hasta mayo. Hoy, o ayer, también a mediados de abril se fueron Gunter Grass y Eduardo Galeano.

Amigos

Todos los días recibo curiosidades, no pocas anónimas. No pocas veces me han reprochado mi amistad (a veces personal, a veces intelectual) con X o Z. (X y Z han sido, con frecuencia, Eduardo Galeano y Noam Chomsky). No puedo decir que esos correos me molesten; después de dos décadas de respetables críticas e insultos esporádicos, mi capacidad de indiferencia ha tomado dimensiones alarmantes. A veces se lo atribuyo a la edad, pero sin duda la experiencia tiene que ver algo con todo eso.

Ahora, considerando que no soy un político y que nunca recibí ni hice «favores especiales» de esos, creo que no se me pude acusar de otra cosa que de agradecimiento. La profusa correspondencia que guardo de ambos (como de tantos otros amigos, correspondencia que seguramente desaparecerá conmigo) ya de por si sola significa un tesoro invaluable para mi.

Entonces, pues, claro que estoy orgulloso de mis amigos. Faltaba más.

Eduardo Galeano Espejos Majfud 9Noam Chomsky Ilusionistas Majfud 15

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Las venas abiertas de Eduardo Galeano

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Jorge Majfud
Le Monde Diplomatique
En un reciente artículo del Washington Post titulado “Los latinoamericanos se abrazan a la globalización y a sus antiguos colonizadores”, de una profesora de ciencias políticas de la Universidad de Colorado, la autora inicia con la siguiente frase: “El escritor uruguayo Eduardo Galeano desautorizó su clásico de 1971, Las venas abiertas de América Latina, uno de los pocos libros que alcanzaron el panteón de la izquierda latinoamericana”. Unos días antes, The New York Times se había despachado con un artículo titulado “Eduardo Galeano repudia su libro Las venas abiertas”, etc.

Ejemplos similares abundan en varios idiomas, sobre todo en la prensa en español. Por días y semanas los artículos y comentarios de tono fúnebre se multiplicaron. Parecía que estábamos asistiendo, con la correspondiente euforia de los conservadores, al suicidio de la crítica radical latinoamericana. Las sobreinterpretaciones estaban claramente flechadas.

Cuando leí los primeros artículos referidos a las recientes declaraciones en Brasil, se lo reproché al propio Galeano. Nunca fui fanático de ese libro y hasta escribí un estudio bastante crítico sobre el mismo, pero para mí fue uno de los libros más valientes de su época. Si no el más. Creo que es un crimen descontextualizarlo y nunca creí que su propio autor fuese capaz de hacerlo como se desprende de cada uno de los artículos oportunistas que le siguieron.

Nunca fui comunista ni usé una gorra del Che ni creo que los disidentes cubanos sean gusanos por el solo hecho de disentir y no poder hacerlo en su propio país. No todos son Posada Carriles. Sin embargo, cada vez que alguien viene a decirme que el Che Guevara era un guerrillero cruel (las ejecuciones sumarias en el primer año de la Revolución Cubana no se justifican con nada), lo tomo como un hecho histórico entre muchos otros. Luego, cuando se lo califica de asesino se lo hace omitiendo sistemáticamente su contexto: no sólo se soslaya el hecho de que el Che siempre iba delante de sus aventuras revolucionarias y contra los poderes imperiales del momento, no detrás como los poderosos de siempre, sino que además se omite, cuando no se ignora, que el joven Guevara estaba en Guatemala cuando la CIA bombardeó la capital en 1954 para destruir un raro indicio de democracia en América Central, la que luego la gran prensa llamó dictadura. Y continuó haciéndolo de diversas formas, como lo ha probado el profesor de Boston University Stephen Kinzer en su último libro The Brothers (por los paranoicos hermanos Dulles) y lo prueban miles de documentos desclasificados que se pueden leer en la George Washington University.

Entonces, voy a dejar de lado algunas escépticas teorías literarias que se complacen afirmando que sólo el texto importa, no el autor. Aunque el autor ya no es la autoridad de su propio texto, en este caso las conclusiones ideológicas y los clásicos “te lo dije” no son el texto, el libro, sino la propia interpretación de su autor. Así que esta vez tiene algún sentido ir al autor como fuente de interpretación de lo que dijo. Transcribo unos fragmentos de diferentes intercambios epistolares, unos de los últimos que he tenido con Galeano y, obviamente, lo hago con su autorización:

Jorge: Hace unos cuantos años me dijiste que te costaba mucho leer Las venas abiertas de América Latina, que era un libro con defectos, que la realidad de principios de siglo difería sustancialmente con la realidad del siglo XX, etc. Nunca comenté estas opiniones porque me parecieron razonables, casi sin interés, sobre un libro publicado treinta y tantos años atrás, y, sobre todo, porque me las dijiste en una conversación privada entre dos amigos. Más o menos lo mismo has dicho en Brasil hace unas semanas y desde entonces los grandes medios de todo el mundo no se han cansado de publicitar que uno de los máximos referentes del pensamiento de izquierda ha sufrido un proceso de conversión, tipo Vargas Llosa pero tardío, que la los intelectuales comprometidos del siglo pasado han reconocido sus errores, que más que errores parecería como si la Iglesia pidiese disculpas por la inquisición, como si China permitiese hablar de Tiananmen y Estados Unidos reconociera las tragedias de Viet Nam y de Irak. Alguna vez también te dije que para mí Las venas… era un libro con defectos y con una mirada parcial de la realidad (¿pero qué libro contiene una mirada total, aparte del Aleph de Borges?), pero era y sigue siendo un libro valiente y removedor.

Eduardo: Ladran, Sancho. Es la prueba de que escribir sirve, al menos para despertar celebraciones y protestas, aplausos y también indignaciones. El libro, escrito hace siglos, sigue vivo y coleando. Simplemente tengo la honestidad de reconocer que a esta altura me resulta un estilo pesado en el que me cuesta reconocerme ahora que quiero ser cada vez más breve y volandero. Con Vargas Llosa nada que ver.

Jorge: No crees que tu autocrítica, valiosa por demás, está siendo explotada con intereses ideológicos? ¿O acaso hemos llegado al Fin de la historia y ya no vemos injusticias y explotaciones por ninguna parte?

Eduardo: Como alguna vez supo decir Figueres, que era presidente de Costa Rica, “Aquí lo que anda mal es todo”. Podés transcribir lo que quieras.Creo plenamente en tu talento y en tu honestidad. Las demás voces que se han lanzado contra mi y contra Las venas abiertas están gravemente enfermas de mala fe.

Publicado el 6 de junio de 2014 en www.lemondediplomatique.cl

 

 
 
 

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The Open Veins of Eduardo Galeano
by Jorge Majfud

Monthly Review Press

In a recent Washington Post article entitled «Latin Americans Are Embracing Globalization and Their Former Colonial Masters,» written by a political science professor from the University of Colorado, the author begins with the following sentence: «Uruguayan writer Eduardo Galeano recently renounced his 1971 classic, Open Veins of Latin America, one of a few books admitted into the Latin American left’s pantheon.»  Some days before, the New York Times had fired off an article entitled «Eduardo Galeano Disavows His Book The Open Veins etc.

Similar examples abound in several languages, above all in the Spanish-language press.  For some days and weeks, gloomy articles and commentaries were popping up.  It seemed that we were witnessing, along with the corresponding euphoria of conservatives, the suicide of radical Latin American literary criticism.  Clearly, too much was being read into all of this.

When I read the first articles about the author’s recent statements in Brazil, I had a few words with Galeano himself about them.  I never was particularly crazy about that book, and I even wrote a pretty harsh paper on it, but in my view it was nonetheless still one of the most courageous books of its era, if not the most.  I feel that it is a crime to interpret it out of context, and I never dreamed that its own author might be capable of doing such a thing, as can be inferred from each of the opportunistic articles that followed.

I’ve never been a communist, nor have I worn a Che-styled beret, nor do I think that dissident Cubans are a bunch of gusanos (worms) just because they voice their disagreement and aren’t able to do so in their own country.  Not all of them are like Posada Carriles.  However, every time that someone lets me know that Che Guevara was a cruel guerrilla fighter (the summary executions that took place during the first year of the Cuban Revolution are completely unjustifiable), I take it as one historical fact among many others.  It follows that when one classifies him as a murderer, one does so by systematically omitting the historical context in which he lived — not only does one sidestep the fact that Che was always at the forefront of his revolutionary adventures against the imperial powers of the moment, not at the rear like powerful men throughout the ages, but one also omits, if not outright ignores, that as a youth Guevara was in Guatemala when the CIA bombed the capital city in 1954 for the purpose of destroying a rare example of Central American democracy, which was afterwards labeled a dictatorship by our noble press.

And it continued doing so in a variety of ways, as proven by Boston University professor Stephen Kinzer in his latest book The Brothers (about the paranoid Dulles brothers), and proven by thousands of declassified documents available for reading at George Washington University.

So, for the moment I’ll set aside some skeptical literary theories that find comfort in stating that only the text matters, not the author.  Although the author is no longer the authority on his own text, in this case ideological conclusions and the usual «I told you so» aren’t the text — the book — but rather the author’s own interpretation.  So, this time it does make some sense to turn to the author as a means of interpreting what was said.  I present here some passages from different exchanges of correspondence, some of the latest ones that I’ve had with Galeano, and which I obviously share with his approval.

Jorge: A couple of years ago you told me that it was really hard for you to read The Open Veins of Latin America, that it was a book with defects, that the reality at the beginning of this century differed substantially from the reality of the 20th century, etc.  I never commented on these opinions because they seemed reasonable to me, almost uninteresting, about a book published thirty-plus years ago, and above all because you shared them with me in a private conversation between two friends.  You’ve said more or less the same thing in Brazil some weeks ago, and since then the big media outlets throughout the world haven’t tired of publicizing that one of the top exponents of leftist thought has undergone a process of conversion, like Vargas Llosa but a bit late, that the committed intellectuals of the past century have acknowledged their mistakes, that beyond mistakes it would seem as if the Church were apologizing for the inquisition, as if China were to allow discussion on Tiananmen, and the United States were to acknowledge the tragedies of Vietnam and Iraq.  I once also told you that in my opinion The Open Veins of Latin America was a book with defects and only a partial look at reality (but what book gives a complete look, aside from The Aleph by Borges?), but it was and continues to be a courageous and stirring book.

Eduardo: The dogs are barking, Sancho.  It’s proof that writing is good for something, at least for inspiring celebration and protest, applause and also indignation.  The book, written ages ago, is still alive and kicking.  I am simply honest enough to admit that at this point in my life the old writing style seems rather stodgy, and that it’s hard for me to recognize myself in it since I now prefer to be increasingly brief and untrammeled.  This has nothing whatsoever to do with Vargas Llosa.

Jorge: Don’t you think that your otherwise useful self-criticism is being exploited for ideological purposes?  Or perhaps we’ve come to the end of history and we no longer see injustice or exploitation anywhere?

Eduardo: As former Costa Rican president Figueres once managed to remark, «What’s going wrong here is everything.»  Jorge, you can write down whatever you like.  I fully believe in your talent and honesty.  The other voices that have been raised against me and against The Open Veins of Latin America are seriously ill with bad faith.


Dr. Jorge Majfud, Jacksonville University.  Originally published in Spanish inLe Monde Diplomatique, June 2014.  Translation by Dr. Joe Goldstein, Georgia Southern University.

Monthly Review Press

Monthly Review

https://www.lemondediplomatique.cl/las-venas-abiertas-de-eduardo-galeano-por-jorge-majfud

Relecturas

Cuando el mal deja de ser bueno

 

Português: Pelourinho

Português: Pelourinho (Photo credit: Wikipedia)

Consecuente con su modelo de lectura —culturalista—, en Las raíces torcidas de América Latina el cubano Alberto Montaner rastrea los orígenes del esclavismo en la península ibérica como un psicoanalista hurga en la memoria infantil de un hombre maduro que sufre el complejo de fracaso. Allí encuentra una larga historia de esclavitud y de tolerancia a la misma, aunque en la alta Edad Media no era muy diferente a otras regiones geográficas. España estaba, claro, en una frontera cultural, más expuesta a la convivencia y a los conflictos étnicos y religiosos. “La Iglesia católica [del siglo V] —escribe— no se opuso a la esclavitud, sino que se limitó a pedir un trato más humano para sus víctimas” (55). Con la invasión musulmana, el tráfico de esclavos, producto del comercio y la guerra, se mantuvo hasta la baja Edad Media y se intensificó con los nuevos navegantes portugueses del Renacimiento (59). Incluso el defensor de los indios en América, Las Casas, toleró la esclavitud de los negros ya que “en la Biblia, el Levítico autoriza la esclavitud”. Por otra parte, “para un sevillano como Las Casas era muy común ver o poseer negros esclavos” (60).

Montaner reconoce que también Lutero toleró la esclavitud por razones económicas, “ya que pensaba que sin el auxilio de la mano de obra esclava la fábrica económica europea podía derrumbarse” (66). Sin embargo, según el mismo texto de Montaner, esta actitud interesada en el beneficio propio, en una ética en función del poder y la economía, no se debería aplicar a la Inglaterra que abolió la esclavitud en el siglo XIX y procuró extenderla, por diferentes medios, a España y a Portugal. Aún cuando el autor nos dice que “existe un dato incontrovertible: fue Inglaterra, en 1807, el primer gran poder que decidió renunciar a la trata de esclavos” (66), no queda claro si ese hecho histórico, incontrovertible, estaba motivado por una razón ética o una razón económica.

Sea como fuera, el efecto es el mismo y hoy podemos valorarlo de forma positiva, desde un punto de vista ético. Pero Montaner parte de esa valoración presente y deduce motivaciones pasadas como causas de las mismas, sin los más mínimos datos documentales. Por el contrario, parece partir de la lectura de Las venas abiertas de América Latina de Eduardo Galeano (donde se interpreta el mismo hecho “’ético” desde un punto de vista materialista, es decir, por las nuevas condiciones económicas) para refutarla en un simple esfuerzo de declaración: “¿Actuó Inglaterra por razones económicas, como sostienen los más cínicos —ya se había puesto en marcha la revolución industrial y no quería competir con mano de obra esclava—, o la principal motivación fue de índole moral? Parece que esto último fue lo que más influyó en la política inglesa” (67).

La respuesta “a los más cínicos” que da Montaner —“parece que esto último fue lo que más influyó”— se basa en percepciones que se podrían clasificar como subjetivas: “durante décadas fue creciendo el clamor abolicionista hasta que lograron conquistar el corazón de algunos políticos importantes, como Lord Palmerston” (67).

De esta forma, la razón de la gran política no es económica, ni estratégica ni de poder; es una raison du coeur. Por otra parte, hay que hacer un esfuerzo no menor para no pensar en cierto tipo de cinismo en este tipo de bondad sin pérdidas económicas. Al fin y al cabo, “tampoco era la primera vez que existía un cambio de sensibilidad en Occidente” (Montaner, 67). Lo cual no deja de ser innegable, pero es difícil que los partidarios de la tesis opuesta lo tomen en serio.

Estos últimos, por el contrario, explican la lucha entre esclavistas y abolicionistas, no simplemente por razones humanitarias sino, sobre todo, por intereses políticos y comerciales. Al fin y al cabo, los humanistas (muchos de ellos católicos) que se opusieron al esclavismo venían luchando en vano desde siglos atrás hasta que nos encontramos con la Revolución industrial. Al parecer la gente se pone buena cuando la maldad deja de ser rentable. Refiriéndose a la Guerra de Secesión en Estados Unidos, Eduardo Galeano observaba que “cuando el norte sumó la abolición de la esclavitud al proteccionismo industrial, la contradicción hizo eclosión en la guerra. El norte y el sur enfrentaban dos mundos en verdad opuestos, dos tiempos históricos diferentes […] El siglo XX ganó esta guerra al siglo XIX” (333).

Esta última idea de la abolición se repite con respecto a los abolicionistas ingleses: fueron causas económicas y de intereses comerciales los que promovieron la abolición de la esclavitud, no un único principio ético. Aunque la moral y la justicia son componentes insoslayables en la dinámica de la historia, no son estos factores los que mueven la historia sino el interés y el poder.

El discurso ético y de justicia se construye por la cultura resistente —no por la dominante, en la que prevalecen los intereses— y luego es usada, cuando las conquistas han tenido lugar, por el discurso de la cultura dominante, como forma de explicar un proceso que estuvo motivado por otras razones.

Luego de detallar el intenso comercio esclavista a manos de Holanda e Inglaterra, Galeano encuentra una explicación para el cambio de actitud de estos últimos: “A principios del siglo XIX Gran Bretaña se convirtió en la principal impulsora de la campaña antiesclavista. La industria inglesa ya necesitaba mercados internacionales con mayor poder adquisitivo, lo que obligaba a la propagación del régimen de salarios” (128).

No obstante —y opuesto a la tesis de Montaner— para Galeano esta actitud no es propia de una raza o una cultura. Es propia de un sistema de explotación. Esto puede deducirse al tomar otra observación referida a un sector social latinoamericano cualquiera. “Ya agonizaba el siglo cuando los latifundistas cafeteros, convertidos en la nueva elite social de Brasil, afilaron los lápices y sacaron cuentas: más baratos resultaban los salarios de subsistencia que la compra y manutención de los escasos esclavos. Se abolió la esclavitud en 1888, y quedaron así formas combinadas de servidumbre feudal y trabajo asalariado que persisten en nuestros días” (155).

Probablemente sean los universales y milenarios impulsos de justicia y de poder los dos componentes básicos de la historia, como el oxígeno y el hidrógeno lo son del agua  —quizás en la misma desproporción.

jorge majfud

Milenio (Mexico)

La Republica (Uruguay)

 

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La justicia en su laberinto

Cuando las leyes son más importantes que los derechos humanos

 

La Suprema Corte de Justicia de Uruguay acaba de consolidar la consagración de la impunidad para los peores criminales de lesa humanidad de la historia moderna de ese país.

El proceso que ha llevado a este resultado es claro.

Un primer paso consistió en la decisión de trasladar a la Dra. Mariana Mota al ámbito de lo civil, desafectándola de su titularidad en el juzgado penal. La Dra. Mota tenía en su sede más de de cincuenta causas referidas a las gravísimas violaciones a los Derechos Humanos durante el período del terrorismo de Estado en los años 70. El Estado y el propio poder judicial pusieron toda clase de obstáculos a sus investigaciones, además de cuestionar su compromiso con la lucha por la vigencia de los derechos humanos, cuando deberían ser su principal garante. Con esta medida, la Corte de Justicia confirmó la ausencia de justicia que víctimas, allegados y la sociedad toda viene padeciendo desde hace décadas. Al mismo tiempo, la Corte uruguaya ignoró la sentencia pronunciada por la Corte Interamericana de Derechos Humanos en el caso Gelman vs Uruguay, además de cuestionar la independencia del poder judicial.

En línea con el mismo propósito o resultado, la Suprema Corte acaba de declarar inconstitucional la recientemente promulgada ley interpretativa que intentaba superar la llamada “ley de Caducidad” que desde 1986 impide el proceso de todos los autores de crímenes amparados por la pasada dictadura militar. Esta ley fue declarada inconstitucional por la misma Corte años atrás.

El argumento sobre el cual se basó esta nueva decisión radica en que no se puede aplicar una ley de forma retroactiva, cosa que sí realiza la propia ley de Caducidad. Se ha argumentado que la retroactividad se aplica sólo cuando la ley beneficia al reo. No es posible condenar retroactivamente a alguien por algo que hizo cuando en su momento no era definido como delito. No obstante, la ley de Caducidad es retroactiva desde el momento en que contradice las leyes que regían cuando se cometieron los delitos.

En otro momento, la misma Corte Suprema de Justica de Uruguay define las violaciones cometidas en una dictadura y con la complicidad del Estado de la época como “delitos comunes”. Lo cual automáticamente transforma un delito de lesa humanidad en una causa prescriptible. No obstante, estos “delitos comunes” fueron cancelados, precisamente, por una ley promulgada para proteger a un grupo especifico de criminales, la Ley de Caducidad de 1986. Ni siquiera se otorgó un perdón a reos condenados por sus crímenes: el Estado renunció a someternos a investigación y a juicio.

No obstante, más allá de una disputa técnica y sobre la filosofía que rige y cambia cada cierto tiempo las obviedades jurídicas, nuestro reclamo se basa en valores más universales y permanentes, como lo son la garantía de los derechos individuales más básicos, como la integridad física, la libertad, y la reparación moral.

Por lo expuesto, como intelectuales y trabajadores de la cultura y el conocimiento, repudiamos estas decisiones de la SCJ y exigimos el fin de la impunidad y la condena de todos los criminales del terrorismo de Estado en Uruguay.

Todo Estado y toda institución de cualquier país existen para proteger la integridad física y moral, el derecho a la libertad y la verdad de cada uno de sus ciudadanos. Nunca al revés. Aceptar la violación de uno solo de los derechos humanos contra uno solo de los ciudadanos de un país con la complicidad del Estado o de alguna de sus instituciones, afecta y lesiona la legitimidad de todo el Estado.

Rechazamos cualquiera de las excusas que niegan el derecho a la justicia y la verdad. Sin verdad no hay paz; sin justicia no hay democracia.

 Los derechos humanos no se mendigan. Se exigen.

 

 

Redactores: 

 

Emilio Cafassi

Eduardo Galeano

Juan Gelman

Jorge Majfud

La Republica, Uruguay >>

Teledoce, Uruguay >>

Pagina/12, Argentina >>

Milenio (Mexico) >>

 

Diálogo con Gabriel Conte

Link permanente: http://www.mdzol.com/mdz/nota/429768

http://www.mdzol.com/entrevista/431288

El intelectual «más influyente» de Iberoamérica: «No tengo interés de influir decididamente en nada»

Empecemos por acordar un significado del término «intelectual», ya que, como sabemos, entre éstos vive el ánimo de la polémica y -como seguramente esta nota será leída en primer término por ellos- debemos ser consecuentemente, precisos.

Vamos por la formalidad de la Real Academia Española de las Letras:

1. adj. Perteneciente o relativo al entendimiento.
2. adj. Espiritual, incorporal.
3. adj. Dedicado preferentemente al cultivo de las ciencias y las letras.

Vayamos, de inmediato, a una explicación popular en torno a quién debe ser considerado por los otros como «un intelectual»: «Es aquel que se dedica al estudio y la reflexión crítica de la realidad y comunica sus ideas con pretensión de influir en ella, alcanzando autoridad ante la opinión pública». Lo dice la Wikipedia, pero chequeando su información pocas veces confiable, puede comprobarse que lo ha tomado de las ya famosas listas de la revista (con versión en español) Foreign Policy.

Para darle un barniz intelectual a esta introducción sobre intelec tuales, no podemos dejar de citar a Jean Paul Sartre, quien dijo: «L’intellectuel est quelqu’un qui se mêle de ce qui ne le regarde pas» (Intelectual es el que se mete en lo que no le importa).

Chomsky, desde su costado, giró 180 grados desde su posición ineludible de intelectual de este tiempo para señalar que «Los intelectuales son especiualistas en difamación, son básicamente comisarios políticos, son administradores ideológicos, los más amenazados por la disidencia».

Pero a lo que iremos de lleno es una valoración acerca de estos seres que se encuentran en los libros, las universidades y también en las listas de famosos: en la búsqueda del intelectual más influyente de Iberoamérica, la ya mencionada publñicación inglesa Forfeign Policy abrió sus páginas en Internet para que fuesen los lectores, y no su equipo, quienes esta vez eligieran a uno de un montón.

Así, en el canon oficial de la publicación, aparecieron nominados tales como Mario Vargas Llosa y su hijo Álvaro; Eduardo Galeano, Jorge Edwards, Enrique Krauze, Michel Bachelet y Ricardo lagos de Chile; Fernando Henrique Cardoso, Felipe González y Julio maría Sanguinetti, por citar a los políticos que, además, piensan, escriben y proponen. Los disidentes cubanos Yoani Sánchez y Carlos Alberto Montaner también están en el listado.

Pero la cuestión es que este año el elegido por los lectores de la versión en español de Foreign policy es el escritor uruguayo Jorge Majfud quien además de su pasión por las letras, es arquitecto y docente que realiza sus labores en los Estados Unidos.

 


Allí ha sido docente de la Universidad de Georgia, de donde egresó, en la Linconln University y en la Universidad de Jacksonville. Colaborador en muchísimos medios de comunicación, sus textos han pasado por The Huffington Post, La Vanguardia de Barcelona yPágina/12.
 

Majfud, como escritor, es autor de Crisis -novela-, Cybors-ensayos- El eterno retorno de Quetzalcoalt -investigacion académica- e Ilusionistas -prólogo y traduccion para libro de aquel que maldefinió a los intelectuales: Noam Chomsky-. En este año, son los cuatro libros de su autoría que han sido publicados.

Sin embargo esa no es toda su obra. Casa de las Américas de Cuba lo distinguó en 2001 con una mención por la novela La Reina de América, también Excellence in Research Award de la Universidad de Georgia.

Antes de los cuatro títulos publicadoe en 2012 su producción literaria incluyó:

– Hacia qué patrias del silencio (Memorias de un desaparecido), novela, 1996.

– Crítica de la pasión pura, ensayos, 1998.

– La Reina de América, novela, 2001.

– El tiempo que me tocó vivir, ensayos, 2004.

– La narración de lo invisible / Significados ideológicos de América Latina, ensayos, 2006.

– Perdona nuestros pecados, cuentos, 2007.

– La ciudad de la Luna, novela, 2009.

 

 

 

– Si fueras vos «el gran elector», ¿a quiénes señalarías como «los intelectuales del momento» en Iberoamérica?

– Esas listas siempre han sido muy discutibles. Alguien me escribió diciendo que había propuesto mi nombre luego de leer el prólogo que le escribí a Noam Chomsky. Es decir, son circunstancias del momento que luego se olvidarán. Les agradezco mucho a quienes amablemente me incluyen en esta o en aquella lista, si es de buena fe. Así que no voy a decir que no me alegra que la gente se acuerde de mi trabajo, pero es una alegría que dura unas pocas horas, a veces minutos. Si me preocupase por los aplausos o por los insultos no podría vivir. Pero esa indiferencia, que a veces me preocupa, no es algo calculado, sino algo que viene con los años. Aparentemente hay gente que de hecho no duerme por esas cosas y ni siquiera tienen una vida propia. Ahora hay una cultura del canibalismo… pero, en fin, ese es otro tema.

En pocas palabras, creo que en el fondo todos sabemos lo relativo que son las listas de los mejores y los peores y no creo que dejen de serlo por un largo tiempo. Incluso si se inventara un algoritmo que midiese la influencia de un intelectual en un espacio y en un tiempo determinado, aún así quedarían muchos puntos discutibles, como lo es la misma definición de “intelectual” o de “influencia”, que varía incluso de un idioma a otro, de una cultura a otra.

Pero si aceptamos un cierto entendido tradicional en tu pregunta, te mencionaría, más allá de mis preferencias propias, a Eduardo Galeano, Mario Vargas Llosa, Leonardo Boff, Fernando Savater, Pérez-Reverte, Javier Marías, Montserrat Domínguez, y muchos otros. Ahí en Argentina ustedes tienen grandes valores, algunos con una gran proyección mediática y otros nunca reconocidos suficientemente, como Hugo Biagini, Horacio Verbitsky, Juan Gelman, Jorge Lanata, Emilio Cafassi, etc. 

– ¿Sigue siendo importante la intelectualidad a la hora de los cambios que influyen en mejorar la vida de los habitantes de esta zona del mundo?

– No, al menos no como, por ejemplo, en tiempos de la fundación de Estados Unidos o de las republicas iberoamericanas. Las palabras “intelectual” e “intelectualidad” han perdido mucho de aquel prestigio que procedía del Renacimiento, que maduró en el Iluminismo y tuvo sus figuras históricas hasta fines del siglo XX. Todavía queda mucho de eso pero no tanto como en décadas pasadas. El último gran icono del intellectuelle engagée fue Jean Paul Sarte. Sin duda, desde Sartre y Foucault hasta hoy esa figura es Noam Chomsky. Este cambio se debe a varios factores. Primero, los mismos intelectuales de izquierda (esta no es una condición per se del intelectual comprometido, pero en un mundo dominado por la derecha era natural que los intelectuales se corriesen a la izquierda, sobre todo en America Latina) comenzaron a renegar del título en su proyecto de conectarse con las masas o, mejor dicho, con el pueblo. Segundo, los intelectuales y sobre todo las ideologías de derecha, lograron descalificar el trabajo intelectual como algo superfluo o como un estorbo para el progreso material.

Fue una forma de neutralizar la literatura, por ejemplo, reduciéndola a su función de entretenimiento. Cuando esto no funcionó, se la criminalizó bajo etiquetas como “idiota”, “infantil”, “realismo mágico”, “torre de marfil” o “improductivo”. Lo curioso es que los intelectuales de derecha generalmente han defendido el derecho de los escritores, por ejemplo, a recluirse en sus “torres de marfil”; lo cual es un derecho legitimo, pero comienza a ser sospechoso cuando se intenta reducir el trabajo intelectual en general y literario en particular a ese espacio solipsista, narcisista. Es decir, inofensivo. Etiquetas que, por supuesto, tenían una funcionalidad clara para el statu quo del momento.

En cierta medida, este desprestigio también fue producto del triunfo del espíritu práctico y conquistador del empresario anglosajón contra el declive de lo que hace un siglo se llamaba el “espíritu latino”, que en este sentido no sólo incluía a Francia sino que tenía en París el polo opuesto a Londres; el racionalismo contra la practicidad, donde “intelectual” era una mala palabra.

Sin duda que los intelectuales han cometido errores catastróficos. ¿Qué grupo humano no lo ha hecho a lo largo de diez mil años de historia? Pero también podríamos pensar en lo que sería el mundo hoy sin los poetas, los dramaturgos y los filósofos griegos de los siglos V y VI a. C., sin los humanistas judíos, islámicos y cristianos de la Alta Edad Media, o de los iluministas del siglo XVIII. Simplemente nunca hubiésemos tenido revoluciones como la americana y la francesa, ni tantos movimientos sociales y populares que cambiaron el mundo para mejor, resistiendo una larga lista de violentas esclavitudes que hoy pocos tienen en cuenta a la hora de estigmatizar a los “revoltosos” de turno. La Democracia estaría en pañales. Y si bien hoy la democracia agoniza en manos de los señores feudales de turno, que son las megacorporaciones y los dueños de la mayor parte del capital que circula en el planeta, también es cierto que su dominio no alcanza a ser absoluto, no gracias a sus buenos corazones sino a los “irresponsables radicales” que no se conforman con agradecer a esos señores por una esclavitud que llaman progreso solo porque en gran medida es una esclavitud consentida –como lo han sido siempre todas las formas de esclavitudes anteriores.

– ¿Diferenciarías en ese proceso a intelectuales de economistas?

– Sí. Obviamente, los economistas hacen un trabajo intelectual. Pero también lo médicos, los mecánicos o un agricultor que medita sobre la conveniencia de plantar trigo en lugar de soja. Todas las disciplinas universitarias se basan en un trabajo intelectual. La diferencia en la definición radica en que el intelectual se especializa en nada, es decir, su área no se limita a una disciplina estrictamente limitada, como puede ser la lingüística o la cardiología, sino que es, básicamente, un generalista que intenta ver la realidad a vuelo de pájaro para replantear los problemas que generalmente no son feudos cerrados de especialistas y, al mismo tiempo, trascienden su grupo social y temporal.

Eso como definición general. Por lo tanto, un economista puede ser un intelectual, como Noam Chomsky es un intelectual aparte de ser el lingüista más célebre del último siglo. Un economista puede ser un intelectual pero no todos los economistas son intelectuales, como no todos los escritores ni todos los profesores universitarios son intelectuales. Todos sabemos que existe algo llamado “trabajo clerical”, que es el más común, por ejemplo, entre los intelectuales orgánicos, como diría Antonio Gramsci, si me permiten la herejía de citar a Gramsci en estos tiempos en que los insultos valen por argumentos.

– ¿Qué rol les cabe, a tu criterio, a los dirigentes sociales que protagonizan los cambios en Latinoamérica y de quienes no se puede decir que detenten dotes intelectuales?

 – Se podría decir que un presidente como Evo Morales no es la imagen del intelectual, como Fernando Henrique Cardozo, por ejemplo. Sí, cada tanto escuchamos algún que otro disparate… Pero en el acierto o en el error, al menos los bolivianos dieron un enorme paso hacia la democracia cuando se dieron cuenta que su país no era un país de criollos blancos solo porque los indios, hechos y desechos en la cultura del “pongo”, como en Perú, nunca salían en los diarios. Entonces eligieron a alguien como ellos, que más o menos los representa. Las orgullosas “democracias desarrolladas” del norte han reincidido en elegir políticos profesionales que representan más a los banqueros que financian sus brillantes carreras y sus campañas electorales, que a  los electores que los eligen como sus representantes. Esta no es la idea de democracia que uno pueda tener. Luego, para anestesiar o descalificar este tipo de crítica, se intenta comparar un país pobre y subdesarrollado con uno rico o desarrollado, como si en los países más desarrollados los valores radicales de la democracia no entrasen en la idea de desarrollo; como si el progreso y el desarrollo de una sociedad no se debiera a sus trabajadores, a sus inventores ni a sus intelectuales sino a sus banqueros y a todos aquellos especuladores que se presentan como los “padres fundadores” de sociedades y de países enteros, mientras lucran de ese desarrollo y secuestran las democracias y sus narrativas.

Ahora, no me voy a arrogar la autoridad de definir el rol de los dirigentes sociales. Pero si me preguntas tal vez sí pueda dar una opinión. Para empezar yo diría que su rol debe ser más importante que el rol de cualquier grupo de intelectuales. Pero este rol no debería excluir a los intelectuales, algo que está muy de moda. Esto se debe a la dictadura de los tecnócratas y al menosprecio de otras dimensiones de la existencia humana más allá de la producción y la economía, algo que se surge desde las raíces de nuestra civilización basada en el consumo como fuente de riqueza y de éxito social, de un mundo que confunde riqueza con desarrollo.

Pienso que la función desde los presidentes hasta los gremialistas, es trabajar en pasos graduales pero concretos hacia una democracia más directa, que es lo mismo decir, hacia una democracia más radical, que es el sentido de cualquier democracia que no sea una simple cobertura y legitimación del poder de unas elites en el poder, ya sea el financiero como el paradójicamente llamado poder de los “representantes del pueblo”. Como ya he expresado muchas veces, desde los experimentos parlamentaristas en Inglaterra en el siglo XVII y revoluciones políticas como la americana y la francesa en el siglo XVIII, donde se iniciaron los primeros experimentos concretos más allá de la teoría y del pensamiento de los pensadores humanistas, del renacimiento y de la Revolución industrial, no hemos tenido grandes novedades en esta previsible evolución. Las novedades han sido, aunque no pocas ni de poca importancia, en el área de los derechos humanos y de la ecología, pero no en la gestión misma de la democracia. El anacronismo de los sistemas representativos que denunciamos hace muchos años como fuerzas reaccionarias, se está evidenciando aun más en los conflictos de intereses que vemos en las democracias del mundo desarrollado: en lugar de mostrar una democracia avanzada están mostrando democracias subdesarrolladas, donde los ciudadanos no solo tienen pocas opciones y suelen quedar cautivos de sus propios errores, sino que además la capacidad popular de gestión es mínima ante las grandes fuerzas del capital de los bancos y de las megacorporaciones. ¿Dónde está la democracia en un mundo donde las decisiones más importantes en la economía y el medioambiente está en manos de multinacionales que lucran, por ejemplo, con la quema de petróleo o con la venta de armas?

Así la verdad también está en manos de millonarias campañas propagandísticas a favor, obviamente, de sus propios intereses. Por otro lado, ¿cómo se contesta a esta situación desde otras áreas mas “marginales” del mundo? De dos formas: o copiando los peores valores centrales del mundo desarrollado, como lo es el consumismo superfluo, o repitiendo tradiciones, como la latinoamericana de caudillos salvadores que se enamoran del poder político desde el primer día, con la excusa de luchar contra el imperialismo, y así tenemos una eterna postergación del protagonismo del pueblo mismo para autogestionarse en sus problemas concretos y relacionarse más directamente con sus pares del otro lado del planeta.

– Si así fuera, ¿en qué temas te gustaría influir con tu pensamiento, tus columnas y tus libros?

– Honestamente, no tengo ni el interés ni la pretensión de influir decisivamente en nada. Sólo quiero comprender este mundo. Tal vez esa sería mi mayor contribución, si es que mi vida va a justificarse por algo, además de mi función de padre. Lo único que quisiera es no equivocarme de una forma que haga infeliz a la gente. Cosa que es más bien utópica, ya que cualquier cosa que uno haga causará diferentes efectos en diferentes personas. Es imposible controlar eso. Dicen que hace tiempo ya hubo un hombre bueno que en lugar de responder con violencia aconsejaba ofrecer la otra mejilla y cambiar el miedo por el amor, incluso a sus enemigos… ¿Lo cruificaron, no?

Así que la lección está servida. Por mi parte, como no provengo de una familia acomodada, como se decía antes, y debo luchar palmo a palmo por mi propia sobrevivencia y la de mi familia, no tengo mucho tiempo ni siquiera de imaginarme que pueda ser un héroe dialectico, como decía Nietzsche. Sí quisiera pensar que al menos he aportado un grano de arena en la construcción de un tiempo mejor para mi hijo y toda su generación, para esos que tendrán que seguir luchando cuando nosotros ya no estemos para ayudarlos. Esas cosas sí me preocupan de verdad. Por lo tanto, lo que puedo intentar desde el lugar donde me puso el destino, es contribuir para un mundo menos brutal, con menos violencia física y menos violencia moral, que es la más universal y la más difícil de visualizar. Con mucha frecuencia pienso que algún día me retiraré de todas las batallas dialécticas, y entonces no me importará hacer silencio sobre algo que alguna vez consideré crucial o inmoral. No lo sé. Seguramente todavía no me ha llegado ese tiempo… De cualquier forma, este trabajo de escribir con pasión y publicar con responsabilidad tiene sus riesgos y, en mi caso personal, un incurable sentimiento de culpa.

 

 

 

Milenio II (Mexico)

Eduardo Galeano

Eduardo Galeano

“The Hoariest of Latin American Conspiracy Theorists”

 

Although I would say that the article “The Land of Too Many Summits” by Christopher Sabatini (Foreign Affairs, April 12, 2012) is right on some points, it nonetheless fails to give little more than unproved opinions on other matters — or as Karl Popper would say, certain statements lack the “refutability” condition of any scientific statement — and is inaccurate in terms of its overall meaning.

For years I have argued that Latin American victimhood and the habit of blaming “the Empire” for everything that is wrong is a way to avoid taking responsibility for one’s own destiny. Mr. Sabatini is probably right in the central point of his article: “If the number of summits were a measure of the quality of diplomacy, Latin America would be a utopia of harmony, cooperation, and understanding.” However, Latin American leaders continue to practice antiquated traditions founded upon an opposing ideology: a certain cult of personality, the love for perpetual leadership positions, the abuse of grandiloquent words and promises, and the sluggishness of concrete and pragmatic actions and reforms, all of which are highly ironic features of governments that consider themselves “progressive.» Regardless, not all that long ago, when conservative dictatorships or marionette governments in some banana republic or another manifested such regressive characteristics, it didn’t seem to bother the leaders of the world’s wealthiest populations all that much.  

On some other basic points, Sabatini demonstrates factual inaccuracies. For example, when he states that Eduardo Galeano “wrote the classic screed against the developed world’s exploitation and the region’s victimhood, Open Veins of Latin America, read by every undergraduate student of Latin America in the 1970s and 1980s,” he forgets — I cannot assume any kind of intellectual dishonesty since I don’t know much about him, but neither can I accuse him of ignorance, since he has followed “Latin American politics for a living” — that at that time Latin America was not the magic-realist land of colorful communist dictators (with the exception of Cuba) as many Anglo readers frequently assume, but rather the land of brutal, conservative, right-wing military dictatorships with a very long history.

Therefore — anyone can logically infer the true facts — that famous book was broadly forbidden in that continent at that time. Of course, in and of itself, the widespread prohibition against it made the publication even more popular year after year. But such popularity did not primarily stem from the book’s portrayal of the self-victimization of an entire continent — which I am not going to totally deny — but was more in response to Galeano’s frank representation of another reality, not the false imaginings of certain horrible conspiracy theorists, but rather the reality created throughout Latin American history by other hallucinating people, some of whom became intoxicated by their access to power, although they themselves did not actually wield it in the formal sense.

Therefore, if Eduardo Galeano — a writer, not a powerful CEO, a commander in chief of some army, another drunken president, nor the leader of some obscure sect or lobby — is “the hoariest of Latin American conspiracy theorists,” then who or what is and was the de facto hoariest of Latin American conspirators? Forget the fact that Galeano is completely bald and try to answer that question.

Regrettably, it has become commonplace for the mass media and other supporters of the status-quo to ridicule one of the most courageous and skillful writers in postmodern history, and to even label him an idiot. However, if Eduardo Galeano was wrong in his arguments — no one can say he was wrong in his means, because his means have always been words, not weapons or money — at least he was wrong on behalf of the right side, since he chose to side with the weak, the voiceless and the nobodies, those who never profit from power, and consequently, we may argue, always suffer at its hands.

He did not pick white or black pieces from the chessboard, but instead chose to side with the pawns, which historically fought in wars organized by the aristocracy from the rearguard (kings, queens, knights, and bishops). Upon the conclusion of battle, that same aristocracy always received the honors and conquered lands, while the pawns were forever the first to die.

Thus has it been in modern wars. With the ridiculous but traditional exception of some prince playing at war, real soldiers are mostly from middle and lower classes. Although a few people have real money and everyone has real blood, as a general rule, only poor people contribute to wars with their blood, whereas only rich people contribute to wars with their money — not so hard to do when one always has abundant material means, and even less difficult when such a monetary contribution is always an interest-bearing investment, whether in terms of actual financial gain or perceived moral rectitude, both of which may well be considered as two sides of the same coin.

Is it mere coincidence that the economically powerful, the politicians in office, the big media owners and a variety of seemingly official self-appointed spokespersons for the status quo are the ones who continuously repeat the same tired litany about the glory of heroism and patriotism? It can hardly be a matter of chance, considering that such individuals have a clear need to maintain high morale among those who are actually going to spill their own blood upon the sacrificial altar of war, and have an equally evident motive for demoralizing to the greatest extent possible those skeptics or critics such as Eduardo Galeano who cross the line, and who never buy those jewels of the Crown.

 

Jorge Majfud

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Ventanas, de Eduardo Galeano

Prólogo a Ventanas

En el antiguo mundo árabe se acostumbraba grabar con letras de oro los mejores versos de los mejores poetas. Como el precioso metal ha sido una maldición en nuestro continente, la voz de Eduardo Galeano no podría dibujarse en él. Por el contrario, parece del todo apropiado que este libro de cerámica recoja sus palabras en el elemento original donde los antiguos sumerios, hace tres mil años, grabaron sus primeros poemas y con el cual, dicen muchas historias, los dioses crearon a los hombres y a las mujeres para que se buscaran por toda la eternidad y, eventualmente, se pudieran encontrar una vez convertidos en mortales.

Pero esta búsqueda del amor y del sentido perdido de las cosas no es, para Galeano, una vía dolorosa sino el recurso principal de los caminantes.

Pocos grandes escritores en el último siglo han cultivado como él la poesía en prosa. Sus palabras acarician las cosas simples, a veces con la delicadeza de un padre y otras veces con la delicadeza de un amante. Su ironía, en cambio, nunca ha perdido el filo necesario ante la barbarie. Así ha sobrevivido a dictadores y al violento pendular de la historia, y así continúa con su vocación de cazar dragones sin perder la alegría necesaria para cada renacimiento.

Antes de cambiar de vocación, los libros de bolsillo nacieron como manuales para las guerras. Este libro de cerámica, en cambio, nació de la tierra para que hablase de la vida. Ahora venimos él para revivir aquel profundo espíritu que reconocía en un espacio público, abierto, el valor de la palabra maestra, que nunca es sólo palabra, que cuando vale, vale por todo lo que no es.

Galeano ha querido que se titule Ventanas. Creo que es un nombre apropiado para un libro que extrañamente no se puede mover pero nos mueve para leerlo.

Pasarán por aquí y por estas palabras los ojos ávidos y los labios susurrando y las manos sensuales y el viento sin prisa pasarán y seguirán pasando para que el mundo recupere su espíritu y no se detenga y no se caiga en la materia muerta, como querían los primeros hombres y mujeres de este continente.

Aquí, lector, te detienes un instante para que las palabras te caminen.

Aquí se yerguen los pasos, como si fuesen palabras, de un viejo caminante.

Jorge Majfud

Libro>>

Ventanas, de Eduardo Galeano

De la colección 1 m² de poesía
se terminó de imprimir en Abril de 2011
en Cerámica Zanon Bajo Control Obrero
Parque industrial Neuquén
Patagonia Argentina
http://www.obrerosdezanon.com.ar
http://www.fasinpat.com.ar

 

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Libros y autores clásicos de la literatura uruguaya (según encuesta)

Jueves 26.05.2011

Eligen libro de Galeano como mejor espejo de la sociedad

Los universitarios uruguayos consideran que «Las venas abiertas de América Latina», de Eduardo Galeano, es el libro que mejor representa a la sociedad. Y es también su libro preferido.

Así lo reveló una encuesta realizada por la red de universidades «Universia» entre 601 estudiantes, que buscó saber cuál era el libro que mejor explica a una sociedad que este año cumple 200 años.

La obra de Galeano superó a «La Tregua», de Mario Benedetti; «Las cartas que no llegaron», de Mauricio Roseconf y «¡Bernabé, Bernabé!» de Tomás de Mattos, que quedaron en segundo, tercer y cuarto lugar respectivamente.

Sin embargo, pese a que un libro de Galeano fue el más votado en cuanto a mejor espejo de lo que somos, es la obra de Mario Benedetti la elegida para ser recomendada a un extranjero que desee entender a los uruguayos.

Los diez libros que mejor nos representan

1. Las venas abiertas de América Latina – Eduardo Galeano

2. La tregua – Mario Benedetti

3. Las cartas que no llegaron – Mauricio Rosencof

4. ¡Bernabé, Bernabé! – Tomás de Mattos

5. Ariel – José Enrique Rodó

6. La vida breve – Juan Carlos Onetti

7. Las lenguas de diamante – Juana de Ibarbourou

8. Nocturnos – Idea Vilariño

9. Montevideanos – Mario Benedetti

10. El pozo – Juan Carlos Onetti.

El mejor autor para que un extranjero nos entienda

1. Mario Benedetti

2. Eduardo Galeano

3. Horacio Quiroga

4. Roy Berocay

5. Juan José Morosoli

6. Florencio Sánchez

7. Juan Carlos Onetti

8. Mauricio Rosencof

9. Juana de Ibarbourou

10. Carlos Vaz Ferreira

Los 10 libros preferidos por los uruguayos

1 Las venas abiertas de América Latina – Eduardo Galeano

2 La tregua – Mario Benedetti

3 Cuentos de amor, de locura y de muerte – Horacio Quiroga

4 Montevideanos – Mario Benedetti

5 Las cartas que no llegaron – Mauricio Rosencof

6 El libro de los abrazos – Eduardo Galeano

7 Gracias por el fuego – Mario Benedetti

8 ¡Bernabé, Bernabé! – Tomás de Mattos

9 Pateando lunas – Roy Berocay

10 Ariel – José Enrique Rodó

fuente>>

El eterno retorno de Quetzalcóatl (IV)

Hilda Gadea and Ernesto "Che" Guevar...

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El eterno retorno de Quetzalcóatl (IV)

El oro y la sangre

Cuando la democracia de Atenas es cuestionada por los otros pueblos que la rodeaban, sus embajadores argumentan que el reclamo de justicia era propio de los vencidos, ya que nunca nadie había esgrimido antes este argumento cuando pudo tomar algo por la fuerza. Por lo tanto —no sin paradoja—, era justo que Atenas fuese un imperio. (Tucídides)

Diferente, entre los pueblos amerindios —como en Che Guevara, en contra de la lógica marxista—, subsistía la idea de que el poder no es mera cuestión de fuerza sino de moral. Tanto Atahualpa como Moctezuma sufren de la mala conciencia de sus poderes ilegítimos y por eso son fácilmente derrotados por un puñado de ambiciosos aventureros de la nueva Europa. En lo que sigue de la colonización, para Amerindia la codicia del mundo material será uno de los valores contrarios a la moral y, por ende, al poder legítimo.

Creo que podemos resumir más de cinco siglos de historia latinoamericana con esta dinámica cósmica o semiótica: el elemento principal de la codicia, de la ilegitimidad, del mal del mundo disfrazado de belleza, es el oro; el elemento opuesto, la sangre. Si la sangre mueve el mundo, el oro lo destruye desacralizando la sangre, que es el espíritu del Cosmos.

La idea que equipara el oro al favoritismo de Dios será propia de la ética calvinista y en casos de la práctica católica, aunque no de su teología. Los incas y otros pueblos sometidos por los españoles, comenzaron a comprender que los hombres-dioses no podían ser Quetzalcóatl ni Viracocha, ya que carecían de las virtudes morales del gobernante legítimo. Su mayor defecto, la ambición de riquezas. Huamán Poma de Ayala describe a los europeos como bestias codiciosas: “Cada día no se hacía nada, cino todo era pensar en oro y plata y riquezas de las indias del Piru. Estaban como un hombre desesperado, tonto, loco, perdidos el juicio con la codicia del oro y la plata. A veces no comía con el pensamiento de oro y plata. A veces tenían gran fiesta, pareciendo que todo oro y plata tenían dentro de las manos”. Eduardo Galeano recuerda una anécdota de Humboldt que, en 1802 demostraba la persistencia del oro-pecado entre la población indígena. Astorpilco, un descendiente de incas, “mientras caminaba le hablaba de los fabulosos tesoros escondidos bajo el polvo y las cenizas. ‘¿No sentís a veces el antojo de cavar en busca de los tesoros para satisfacer vuestras necesidades?’, le preguntó Humboldt. Y el joven contestó: ‘Tal antojo no nos viene. Mi padre dice que sería pecaminoso. Si tuviésemos las ramas doradas con todos los frutos de oro, los vecinos blancos nos odiarían y nos harían daño’” (Venas, 1971). Otra historia popular cuenta, según Carlos Fuentes, que José Gabriel Condorcanqui —Tupac Amaru— en 1780 se rebeló contra la autoridad española, capturó al gobernador y “puesto que los españoles habían demostrado semejante sed de oro, Tupac Amaru […] lo ejecutó obligándole a beber oro derretido” (Espejo, 1992). Abusando del mismo simbolismo, en 1781 los españoles diseñaron al rebelde una muerte ejemplar, cortándole la lengua primero —quitándole la palabra—, tratando luego de despedazarlo tirando en vano de sus extremidades por cuatro caballos, hasta que decidieron degollarlo. Luego cortaron manos y pies debajo de una horca inútil. Juan Gelman, en Exilio (1984), entiende que “Europa es la cuna del capitalismo y al niño ese, en la cuna, lo alimentaron con oro y plata del Perú, de México, Bolivia, Millones de indios americanos tuvieron que morir para engordar al niño”.

El pecado nace de la sangre del indio y crece, como los dioses españoles llegados del mar, comiendo oro y plata.

Una de las tesis centrales de Las venas abiertas de América Latina (1971) —la referencia al oro y la sangre es implícita desde el título— puede resumirse en una frase que establece una continuidad del ritual profano que produce el sangrado: “Cuánto más codiciado por el mercado mundial, mayor es la desgracia que un producto trae consigo al pueblo latinoamericano que, con su sacrificio, lo crea”. En 1957, en Colombia, “el baño de sangre coincidió con un período de euforia económica para la clase dominante: ¿es lícito confundir la prosperidad de una clase con el bienestar de un país?” (Venas).

Para América Latina, la profanación principal, subyacente en la tradición narrativa, escrita y oral, ha sido la venta de sangre, la desacralización del sacrificio por la explotación materialista. Quienes entienden al beneficio económico como objetivo y principal motor de cualquier empresa, no podrán comprender aquello que llamarán irracionalidad de un pueblo salvaje. Por otra parte, este pueblo no ha articulado aún un pensamiento propio que considere este factor interior, reemplazándolo históricamente con ideas europeas, como el liberalismo en el siglo XIX y el marxismo o el neoliberalismo en el siglo XX. En 1968, Mario Benedetti entendía que “el desarrollo no es en sí mismo una calidad moral. […] el mundo del subdesarrollo (que es a su vez víctima y dividendo del mundo desarrollado) no sólo debe crear su ética en rebeldía, su moral de justicia, sino también proponer una autointerpretación de su historia” (Revolución). En el siglo XX, la desacralización del mundo material, la explotación de la tierra, la fiebre del oro, estarán resumidos en la cultura popular que se produce en el centro del capitalismo mundial.

El análisis de Ariel Dorfman sobre El pato Donald de Walt Disney, además de apuntar a los valores ideológicos de la historieta, revela el punto de vista histórico latinoamericano: el mundo colonialista de Disney no sólo cumple con una función opresora, sino que además representa la desacralización del cosmos: la ambición del oro, representada hasta su extremo en Tío Rico, que trivializa la vida humana y hace de la naturaleza un mero objeto de explotación. Se excluye el amor, observan Ariel Dorfman y Armand Matterlart. La concepción de la existencia está basada en la desacralización y la trivialización, resumida en el siguiente diálogo. “‘¡Bah, el talento, la fama y la fortuna no lo son todo en la vida’” —dice Donald—. ‘¿No? ¿Qué otra cosa queda?’, preguntan Hugo, Paco y Luis al unísono. Y Donald no encuentra nada que decir, sino: ‘Er… Humm… A ver… Oh-h’” (Donald).

En su libro Persona non grata (1973) el chileno Jorge Edward recuerda a Fidel Castro en la Universidad de Priceton y más tarde el ofrecimiento de un millón de dólares por parte de un productor de Hollywood por la odisea del Granma y de Sierra Maestra. Fidel rechazó diciendo que no le interesaba el dinero. Eso revela, dice el autor, la actitud norteamericana ante la Revolución cubana. Para quienes defendieron la Revolución, la anécdota revela la actitud revolucionaria ante la cultura materialista del mercado. Se decía que Ernesto Guevara firmaba los nuevos billetes cubanos simplemente “Che”, como una forma de desdén al valor material del dinero. De forma explícita lo puso en un discurso: la sociedad revolucionaria todavía no había alcanzado el estado de liberación del salario y el orden derivado de la circulación del dinero (Obra, 1967).

De la misma forma que la impronta de moros y judíos sobrevive la limpieza étnica y cultural desde Fernando e Isabel, de igual forma los ritos, el arte y los mitos más profundos de la América precolombina sobrevivirán en el continente mestizo.

En la cosmología amerindia, la muerte del mártir se convierte en victoria moral y, por lo tanto, en memoria y ejemplo contra el poder ilegítimo por la codicia. Incluso un emperador originalmente cuestionado como Atahualpa se convertirá en ejemplo de resistencia, como más tarde, una vez derrotado el ambicioso imperio español en el contexto mundial, “lo hispánico” resurgirá como la fuerza contraria al materialismo norteamericano. El oro, otra vez, al ser desacralizado se convierte en el símbolo del mayor pecado. La sangre de América Latina se convierte en mercancía y, por lo tanto, en el mayor sacrilegio, en el defecto moral de oprimidos y opresores. Resistir este pecado es un mandato moral y se mide con un sacrificio que a veces llega al ofrecimiento de la sangre propia. Un poeta cuya militancia lo llevó a la muerte, como Francisco Urondo, había revelado este sentimiento en sus versos: “nada / nos hará retroceder: le tenemos más miedo al éxito que al / fracaso” (continúa).
Jorge Majfud

Lincoln University

Noviembre 2009

La Republica (Uruguay)

Milenio (Mexico)

  1. El eterno retorno de Quetzalcóatl (I)
  2. El eterno retorno de Quetzalcoatl (II)
  3. El eterno retorno de Quetzalcóatl (III)
  4. El eterno retorno de Quetzalcóatl (IV)

Washington Benavides

Larbanois (standing left), along with Edward D...

Washington Benavides y Eduardo Darnauchans entre otros

Reflexiones con motivo del nuevo libro de Washington Benavides.

El frasco azul y otros frascos, Washington Benavides; poemario, 40 páginas, Ediciones Abrelabios

Cuando yo era niño, Washington Benavides y Circe Maia eran dos sinónimos de poeta. Si mal no recuerdo, mi hermano, que es carpintero, le arregló algunas veces la guitarra a su sobrino, Carlos. Para mí, solo ese acto era una forma de participar en algo que estaba más allá de los estrechos límites de la realidad material. Mi padre, también carpintero, hombre práctico y sin mucho oído para la música, compraba sus cassettes porque, decía, los cantores también comen. Washington y Carlos dieron a su tierra “El país de la cina cinas” y otros himnos que no necesitan ninguna consagración oficial.

Con el tiempo, entre las estrellas y el barro político de la dictadura militar, ese grupo de escritores y artistas que integraban Tomás de Mattos, Eduardo Larbanois, el genio inclasificable de Eduardo Darnauchans (alumno de Washington, un poco Onetti, un poco Leonard Cohen) y Héctor Numa Moraes, entre otros, realizaron una mezcla exótica y obviamente imposible: unieron el canto y la cultura popular al arte de culto.

Así, en una especie de pueblo de provincia que era y es Tacuarembó, Uruguay (no por su tamaño sino por su aislación geográfica y por la particularidad de estar rodeada de estancias y de una fuerte cultura ganadera y conservadora que no puede verse al espejo sin montar en cólera), surgió una generación de intelectuales que no despreciaron la alegría ni le temieron al vértigo de emociones más oscuras y profundas.

Todo parece tan lejano. No por el tiempo. No porque esos artistas hayan dejado de producir. No porque la seriedad o el vigor de los grandes haya declinado, sino por el culto a la frivolidad y a la intrascendencia que caracteriza nuestra época y a veces se ensaña especialmente con las provincias culturales más débiles que siempre copian los defectos ajenos, que es otra forma de conservar los defectos propios.

Lamentablemente, el Rio de la Plata, la región geográfica y espiritual que hizo nacer uno de los géneros populares con mayor vigor espiritual y riqueza intelectual, el tango, y no fue avaro con el mundo dando escritores como Jorge Luis Borges, Ernesto Sábato, Juan Carlos Onetti, Mario Benedetti y Eduardo Galeano, se ha especializado en el arte de la frivolidad y la intrascendencia. Lo que demuestra otra de las características rioplatense: la creación y la autodestrucción.

Pero la tontería y la frivolidad si bien aturden, tampoco sobreviven a sus promotores. La ventaja de los grandes artistas como Washington Benavidez es que se pueden morir y seguir trabajando.

La historia demuestra, de forma abrumadora, que los pueblos no sólo se equivocan, sino que sus consensos han gozado, casi por norma, de buenos equívocos e inconmensurables supersticiones. Pero la historia también demuestra que el juicio del tiempo es implacable y muchas veces inapelable.  A este juicio sobreviven los grandes; o los grandes se definen por este juicio.

No sé si poetas como Benavides lo saben; no sé si le importan. Si sé que le importará a las generaciones que sobrevivan a esta catástrofe, ruidosa pero imperceptible, dentro de la cual vivimos.

Entonces, los sobrevivientes deberán recurrir a las obras de los grandes artistas para recuperar su propia condición humana, para explorar toda esa existencia que está más allá de los estrechos límites individuales. Esas vidas ajenas de las cuales estamos hechos todos y que es la condición de cada ser humano que ha sido elevado, en alguna medida, por encima de su condición de ser animal, por encima de su condición de simple pieza de una gran máquina de picar carne.

Jorge Majfud

La Republica (Uruguay)

Milenio (Mexico)

If Latin America Had Been a British Enterprise

His family was originally from Serantes, Ferro...

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Si América Latina hubiese sido una empresa inglesa (Spanish)

If Latin America Had Been a British Enterprise

Jorge Majfud

In the process of conducting a recent study at the University of Georgia, a female student interviewed a young Colombian woman and tape recorded the interview.  The young woman commented on her experience in England and how  the British were interested in knowing the reality of Colombia.  After she detailed the problems that her country had, one Englishman observed the paradox that England, despite being smaller and possessing fewer natural resources, was much wealthier than Colombia.  His conclusion was cutting:  “If England had managed Colombia like a business, Colombians today would be much richer.”

The Colombian youth admitted her irritation, because the comment was intended to point out  just how incapable we are in Latin America.  The lucid maturity of the young Colombian woman was evident in the course of the interview, but in that moment she could not find the words to respond to the son of the old empire.  The heat of the moment, the audacity of those British kept her from remembering that in many respects Latin America had indeed been managed like a British enterprise and that, therefore, the idea was not only far from original but, also, was part of the reason that Latin America was so poor – with the caveat that poverty is a scarcity of capital and not of historical consciousness.

Agreed: three hundred years of monopolistic, retrograde and frequently cruel colonization has weighed heavily upon the Latin American continent, and consolidated in the spirit of our nations an oppositional psychology with respect to social and political legitimation (Alberto Montaner called that cultural trait “the suspicious original legitimacy of power”).  Following the Semi-independences of the 19th century, the “progress” of the British railroad system was not only a kind of gilded cage – in the words of Eduardo Galeano -, a strait-jacket for native Latin American development, but we can see something similar in Africa: in Mozambique, for example, a country that extends North-to-South, the roads cut across it from East-to-West.  The British Empire was thus able to extract the wealth of its central colonies by passing through the Portuguese colony.  In Latin America we can still see the networks of asphalt and steel flowing together toward the ports – old bastions of the Spanish colonies that native rebels contemplated with infinite rancor from the heights of the savage sierras, and which the large land owners saw as the maximum progress possible for countries that were backward by “nature.”

Obviously, these observations do not exempt us, the Latin Americans, from assuming our own responsibilities.  We are conditioned by an economic infrastructure, but not determined by it, just as an adult is not tied irremediably to the traumas of childhood.  Certainly we must confront these days other kinds of strait-jackets, conditioning imposed on us from outside and from within, by the inevitable thirst for dominance of world powers who refuse strategic change, on the one hand, and frequently by our own culture of immobility, on the other.  For the former it is necessary to lose our innocence; for the latter we need the courage to criticize ourselves, to change ourselves and to change the world.

Translated by Bruce Campbell

* Jorge Majfud is a Uruguayan writer and professor of Latin American literature at the University of Georgia.

Ten Lashes Against Humanism

Erasmus in 1523, by Hans Holbein

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Diez azotes contra el humanismo (Spanish)

Ten Lashes Against Humanism

 

Jorge Majfud

A minor tradition in conservative thought is the definition of the dialectical adversary as mentally deficient and lacking in morality. As this never constitutes an argument, the outburst is covered up with some fragmented and repetitious reasoning, proper to the postmodern thought of political propaganda. It is no accident that in Latin America other writers repeat the US experience, with books like Manual del perfecto idiota latinoamericano (Manual for the Perfect Latin American Idiot, 1996) or making up lists about Los diez estúpidos más estúpidos de América Latina (The Top Ten Stupid People in Latin America). A list that is usually headed up, with elegant indifference, by our friend, the phoenix Eduardo Galeano. They have killed him off so many times he has grown accustomed to being reborn.

As a general rule, the lists of the ten stupidest people in the United States tend to be headed up by intellectuals. The reason for this particularity was offered some time ago by a military officer of the last Argentine dictatorship (1976-1983) who complained to the television cameras about the protesters marching through the streets of Buenos Aires: “I am not so suspicious of the workers, because they are always busy with work; I am suspicious of the students because with too much free time they spend it thinking. And you know, Mr. Journalist, that too much thinking is dangerous.” Which was consistent with the previous project of General Onganía (1966-1970) of expelling all the intellectuals in order to fix Argentina’s problems.

Not long ago, Doug Hagin, in the image of the famous television program Dave’s Top Ten, concocted his own list of The Top Ten List of Stupid Leftist Ideals. If we attempt to de-simplify the problem by removing the political label, we will see that each accusation against the so-called US leftists is, in reality, an assault on various humanist principles.

10: Environmentalism. According to the author, leftists do not stop at a reasonable point of conservation.

Obviously the definition of what is reasonable or not, depends on the economic interests of the moment. Like any conservative, he holds fast to the idea that the theory of Global Warming is only a theory, like the theory of evolution: there are no proofs that God did not create the skeletons of dinosaurs and other species and strew them about, simply in order to confuse the scientists and thereby test their faith. The conservative mentality, heroically inalterable, could never imagine that the oceans might behave progressively, beyond a reasonable level.

9: It takes a village to raise a child. The author denies it: the problem is that leftists have always thought collectively. Since they don’t believe in individualism they trust that children’s education must be carried out in society.

 

In contrast, reactionary thought trusts more in islands, in social autism, than in suspect humanity. According to this reasoning of a medieval aristocrat, a rich man can be rich surrounded by misery, a child can become a moral man and ascend to heaven without contaminating himself with the sin of his society. Society, the masses, only serves to allow the moral man to demonstrate his compassion by donating to the needy what he has left over – and discounting it from his taxes.

8: Children are incapable of handling stress. For which reason they cannot be corrected by their teachers with red ink or cannot confront the cruel parts of history.

The author is correct in observing that seeing what is disagreeable as an infant prepares children for a world that is not pleasant. Nonetheless, some compassionate conservatives exaggerate a little by dressing their children in military uniforms and giving them toys that, even though they only shoot laser lights, look very much like weapons with laser lights that fire something else at similar targets (and at black people).

7: Competition is bad. For the author, no: the fact that some win means that others lose, but this dynamic leads us to greatness.

He does not explain whether there exists here the “reasonable limit” of which he spoke before or whether he is referring to the hated theory of evolution which establishes the survival of the strongest in the savage world. Nor does he clarify to which greatness he refers, whether it is that of the slave on the prosperous cotton plantation or the size of the plantation. He does not take into account, of course, any kind of society based on solidarity and liberated from the neurosis of competition.

6: Health is a civil right. Not for the author: health is part of personal responsibility.

This argument is repeated by those who deny the need for a universal health system and, at the same time, do not propose privatizing the police, and much less the army. Nobody pays the police after calling 911, which is reasonable. If an attacker shoots us in the head, we will not pay anything for his capture, but if we are poor we will end up in bankruptcy so that a team of doctors can save our life. One deduces that, according to this logic, a thief who robs a house represents a social illness, but an epidemic is nothing more than a bunch of irresponsible individuals who do not affect the rest of society. What is never taken into account is that collective solidarity is one of the highest forms of individual responsibility.

5: Wealth is bad. According to the author, leftists want to penalize the success of the wealthy with taxes in order to give their wealth to the federal government so that it can be spent irresponsibly helping out those who are not so successful.

That is to say, workers owe their daily bread to the rich. Earning a living with the sweat of one’s brow is a punishment handed down by those successful people who have no need to work. There is a reason why physical beauty has been historically associated with the changing but always leisurely habits of the aristocracy. There is a reason why in the happy world of Walt Disney there are no workers; happiness is buried in some treasure filled with gold coins. For the same reason, it is necessary to not squander tax monies on education and on health. The millions spent on armies around the world are not a concern, because they are part of the investment that States responsibly make in order to maintain the success of the wealthy and the dream of glory for the poor.

4: There is an unbridled racism that will only be resolved with tolerance. No: leftists see race relations through the prism of pessimism. But race is not important for most of us, just for them.

That is to say, like in the fiction of global warming, if a conservative does not think about something or someone, that something or someone does not exist. De las Casas, Lincoln and Martin Luther King fought against racism ignorantly. If the humanists would stop thinking about the world, we would be happier because others’ suffering would not exist, and there would be no heartless thieves who steal from the compassionate rich.

3: Abortion. In order to avoid personal responsibility, leftists support the idea of murdering the unborn.

The mass murder of the already born is also part of individual responsibility, according to televised right-wing thought, even though sometimes it is called heroism and patriotism. Only when it benefits our island. If we make a mistake when suppressing a people we avoid responsibility by talking about abortion. A double moral transaction based on a double standard morality.

2: Guns are bad. Leftists hate guns and hate those who want to defend themselves. Leftists, in contrast, think that this defense should be done by the State. Once again they do not want to take responsibility for themselves.

That is to say, attackers, underage gang members, students who shoot up high schools, drug traffickers and other members of the syndicate exercise their right to defend their own interests as individuals and as corporations. Nobody distrusts the State and trusts in their own responsibility more than they do. It goes without saying that armies, according to this kind of reasoning, are the main part of that responsible defense carried out by the irresponsible State.

1: Placating evil ensures Peace. Leftists throughout history have wanted to appease the Nazis, dictators and terrorists.

The wisdom of the author does not extend to considering that many leftists have been consciously in favor of violence, and as an example it would be sufficient to remember Ernesto Che Guevara. Even though it might represent the violence of the slave, not the violence of the master. It is true, conservatives have not appeased dictators: at least in Latin America, they have nurtured them. In the end, the latter also have always been members of the Gun Club, and in fact were subject to very good deals in the name of security. Nazis, dictators and terrorists of every kind, with that tendency toward ideological simplification, would also agree with the final bit of reasoning on the list: “leftists do not undertand that sometimes violence is the only solution. Evil exists and should be erradicated.” And, finally: “We will kill it [the Evil], or it will kill us, it is that simple. We will kill Evil, or Evil will kill us; the only thing simpler than this is left-wing thought.”

Word of Power.