La senil cúpula occidental (apoyada por su base infantil) disfruta de los últimos minutos (en términos históricos) de la fantasía de su vieja arrogancia iniciada en el siglo XVII con el dogma del individualismo y la superioridad racial. A los muchachos que solo odian porque no pueden articular una crítica histórica y creen que una crítica es odio, les repito que los enemigos de (ese mito llamado Occidente) no son sus críticos, sino sus adulones. Sólo de muestra les recuerdo un artículo con 25 años ya: https://mronline.org/2006/11/14/majfud141106-html/
🇺🇸 | Donald Trump: “He hablado con todo el mundo (…) Israel lo está haciendo muy bien”.
“Como probablemente notaron, le di a Irán 60 días. Estoy en contacto constante y, como he estado diciendo, creo que se firmará un acuerdo (…) Creo que Irán es un insensato al no firmarlo”. pic.twitter.com/T4xkCrJyYj
O bilionário CEO da Palantir, Alex Karp, espetou um clássico do século XIX: «Não acho que todas as culturas sejam iguais… O que estou dizendo é que esta nação [os Estados Unidos] é incrivelmente especial e não devemos vê-la como igual, mas como superior.»
Por Jorge Majfud.
Em 4 de março de 2025, em um discurso na Universidade de Austin, o bilionário CEO da Palantir, Alex Karp, espetou um clássico do século XIX: “Não acho que todas as culturas sejam iguais… O que estou dizendo é que esta nação [os Estados Unidos] é incrivelmente especial e não devemos vê-la como igual, mas como superior.” Como detalhamos no livro Plutocracia: tiranossauros do Antropoceno (2024) e em vários programas de televisão (2, etc.), Karp é membro da seita do Vale do Silício que, com o apoio da CIA e da corpoligarquia de Wall Street, promove a substituição da democracia liberal ineficiente por uma monarquia corporativa.
Agora, nossa nação, nossa cultura, é superior em quê? Em eficiência para invadir, escravizar, oprimir outros povos? Superior em fanatismo e arrogância? Superior na psicopatologia histórica das tribos que acreditam que são escolhidas por seus próprios deuses (que coincidência) e, longe de ser uma responsabilidade em solidariedade com “os povos inferiores”, torna-se automaticamente uma licença para matar, roubar e exterminar o resto? A história da colonização anglo-saxônica da Ásia, África e Américas não é a história da expropriação de terras, bens e exploração obsessiva de seres humanos (índios, africanos, mestiços, brancos pobres) que eram vistos como instrumentos de capitalização e não como seres humanos? De que estamos falando quando falamos de “cultura superior” como essa, com aquelas afirmações indiscriminadas e com um conteúdo religioso místico oculto, mas forte, como foi o Destino Manifesto?
Não apenas respondemos a isso nos jornais há um quarto de século, mas naquela época alertamos sobre o fascismo que iria matar aquele orgulhoso Ocidente que agora reclama que seus inimigos estão cometendo suicídio, como Elon Musk disse dias antes. Um desses extensos ensaios, escrito em 2002 e publicado pelo jornal La República do Uruguai em janeiro de 2003 e pela Monthly Review de Nova York em 2006, foi intitulado “O lento suicídio do Ocidente”.
Essa ideologia do egoísmo e do indivíduo alienado como ideais superiores, promovida desde Adam Smith no século XVIII e radicalizada por escritores como Ayn Rand e presidentes de potências mundiais como Donald Trump e fantoches neocoloniais como Javier Milei, revelou-se pelo que é: supremacia pura e dura, patologia canibal pura e dura. Tanto o racismo quanto o patriotismo imperialista são expressões da egomania tribal, ocultas em seus opostos: o amor e a necessidade de sobrevivência da espécie.
Para dar um verniz de justificativa intelectual, os ideólogos da direita fascista do século 21 recorrem a metáforas zoológicas como a do Macho Alfa. Esta imagem é baseada na matilha de lobos das estepes, onde uma pequena alcateia segue um macho que os salvará do frio e da fome. Uma imagem épica que seduz milionários que nunca sofreram de fome ou frio. Para os demais que não são milionários, mas representados como ameaçados por aqueles que estão na base (ver “O paradoxo das classes sociais“), o Macho Alfa é a tradução ideológica de uma catarse do historicamente privilegiado que vê que seus direitos especiais perdem o adjetivo especial e se tornam apenas direitos, um substantivo nu. Ou seja, reagem furiosamente à possível perda de direitos especiais de gênero, classe, raça, cidadania, cultura, hegemonia. Todos os direitos especiais justificados como no século XIX: “temos o direito de escravizar os negros e saquear nossas colônias porque somos uma raça superior, uma cultura superior e, por isso mesmo, Deus nos ama e odeia nossos inimigos, a quem devemos exterminar antes que eles tenham a mesma ideia, mas sem nossos bons argumentos.”
Ironicamente, a ideia de ser “escolhido por Deus” ou pela natureza não impele os fanáticos a cuidar de “humanos inferiores”, como cuidam de seus animais de estimação, mas muito pelo contrário: o destino dos inferiores e fracos deve ser escravidão, obediência ou extermínio. Se eles se defendem, são terroristas.
A versão mais recente desses supremacismos que cometem genocídio na Palestina ou no Congo com orgulho e convicção fanática e demonizam as mulheres nos Estados Unidos que exigem direitos iguais, mais recentemente encontrou sua metáfora explicativa na imagem do Macho Alfa do Lobo da Estepe. No entanto, se prestarmos atenção ao comportamento desses animais e de outras espécies, veremos uma realidade muito mais complexa e contraditória.
O professor da Universidade Emory, Frans de Waal, por décadas um dos mais renomados especialistas no estudo de chimpanzés, assumiu a responsabilidade de demolir essa fantasia. A ideia do macho alfa vem dos estudos dos lobos na década de 40, mas, não sem ironia, o próprio de Waal lamentou que um político americano (o ultraconservador e presidente da Câmara dos Representantes, Newt Gingrich) popularizou seu livro Chimpanzee Politics (1982) e o conceito de macho alfa, pelos motivos errados.
Os machos alfa não são valentões, mas líderes conciliadores. “Os machos alfa entre os chimpanzés são populares se mantiverem a paz e trouxerem harmonia ao grupo.” Quando um verdadeiro líder adoece (o caso mencionado pelo chimpanzé Amós), ele não é sacrificado, mas o grupo assume seus cuidados.
De acordo com de Wall, “devemos distinguir entre domínio e liderança. Existem machos que podem ser a força dominante, mas esses machos terminam mal no sentido de que são expulsos ou mortos… Depois, há os homens que têm qualidades de liderança, que separam brigas, defendem os oprimidos, confortam os que sofrem. Se ele tem esse tipo de macho alfa, então o grupo se junta a ele e permite que ele permaneça no poder por um longo tempo.” Esse tempo é geralmente de quatro anos, embora haja registros de machos alfa que foram líderes por 12 anos, que costumavam distribuir alimentos e manter uma aliança política com outros líderes mais jovens. De acordo com de Waal, o líder macho alfa será julgado por sua capacidade de resolver conflitos e estabelecer uma ordem pacífica para sua sociedade.
Em um conflito, os líderes alfa “não tomam partido de seu melhor amigo; eles evitam ou resolvem brigas e, em geral, defendem os mais azarões. Isso os torna extremamente populares no grupo porque fornecem segurança para membros de baixo escalão.”
O macho alfa é o líder porque tem o apoio da maioria das fêmeas e de alguns machos, mas outros machos jovens sempre usarão a mesma estratégia para destroná-lo e se impor como dominantes: primeiro eles começam com provocações indiretas e distantes para testar a reação do líder. Se não houver reação, o jovem mais forte tentará conquistar outros jovens do sexo masculino para aumentar suas provocações que estão ganhando terreno e se tornando mais violentas. Então ele conquista aliados, com alguns favores. Embora o candidato alfa não se importe com bebês, mas com poder, ele tenta ser afetuoso com os filhos de diferentes mulheres, exatamente como os políticos fazem na campanha eleitoral.
Março de 2025
Jorge Majfud é escritor e professor de Literatura Latino-americana na Universidade de Jacksonville, Flórida.
«Lo que hoy está en juego no es sólo proteger a Occidente contra los terroristas, de aquí y de allá, sino —y quizá sobre todo— es crucial protegerlo de sí mismo. Bastaría con reproducir cualquiera de sus monstruosos inventos para perder todo lo que se ha logrado hasta ahora en materia de respeto por los Derechos Humanos. Empezando por el respeto a la diversidad. Y es altamente probable que ello ocurra en diez años más, si no reaccionamos a tiempo». (2002)
Occidente aparece, de pronto, desprovisto de sus mejores virtudes, construidas siglo sobre siglo, ocupado ahora en reproducir sus propios defectos y en copiar los defectos ajenos, como lo son el autoritarismo y la persecución preventiva de inocentes. Virtudes como la tolerancia y la autocrítica nunca formaron parte de su debilidad, como se pretende ahora, sino todo lo contrario: por ellos fue posible algún tipo de progreso, ético y material. La mayor esperanza y el mayor peligro para Occidente están en su propio corazón. Quienes no tenemos “Rabia” ni “Orgullo” por ninguna raza ni por ninguna cultura sentimos nostalgia por los tiempos idos, que nunca fueron buenos pero tampoco tan malos.
Actualmente, algunas celebridades del pasado siglo XX, demostrando una irreversible decadencia senil, se han dedicado a divulgar la famosa ideología sobre el “choque de civilizaciones” —que ya era vulgar por sí sola— empezando sus razonamientos por las conclusiones, al mejor estilo de la teología clásica. Como lo es la afirmación, apriorística y decimonónica, de que “la cultura Occidental es superior a todas las demás”. Y que, como si fuese poco, es una obligación moral repetirlo.
Desde esa Superioridad Occidental, la famosísima periodista italiana Oriana Fallaci escribió, recientemente, brillanteces tales como: “Si en algunos países las mujeres son tan estúpidas que aceptan el chador e incluso el velo con rejilla a la altura de los ojos, peor para ellas. (…) Y si sus maridos son tan bobos como para no beber vino ni cerveza, ídem.” Caramba, esto sí que es rigor intelectual. “¡Qué asco! —siguió escribiendo, primero en el Corriere della Sera y después en su best seller “La rabia y el orgullo”, refiriéndose a los africanos que habían orinado en una plaza de Italia— ¡Tienen la meada larga estos hijos de Alá! Raza de hipócritas” “Aunque fuesen absolutamente inocentes, aunque entre ellos no haya ninguno que quiera destruir la Torre de Pisa o la Torre de Giotto, ninguno que quiera obligarme a llevar el chador, ninguno que quiera quemarme en la hoguera de una nueva Inquisición, su presencia me alarma. Me produce desazón”. Resumiendo: aunque esos negros fuesen absolutamente inocentes, su presencia le produce igual desazón. Para Fallaci, esto no es racismo, es “rabia fría, lúcida y racional”. Y, por si fuera poco, una observación genial para referirse a los inmigrantes en general: “Además, hay otra cosa que no entiendo. Si realmente son tan pobres, ¿quién les da el dinero para el viaje en los aviones o en los barcos que los traen a Italia? ¿No se los estará pagando, al menos en parte, Osama bin Laden?” …Pobre Galileo, pobre Camus, pobre Simone de Beauvoir, pobre Michel Foucault.
De paso, recordemos que, aunque esta señora escribe sin entender —lo dijo ella—, estas palabras pasaron a un libro que lleva vendidos medio millón de ejemplares, al que no le faltan razones ni lugares comunes, como el “yo soy atea, gracias a Dios”. Ni curiosidades históricas de este estilo: “¿cómo se come eso con la poligamia y con el principio de que las mujeres no deben hacerse fotografías. Porque también esto está en el Corán”, lo que significa que en el siglo VII los árabes estaban muy avanzados en óptica. Ni su repetida dosis de humor, como pueden ser estos argumentos de peso: “Y, además, admitámoslo: nuestras catedrales son más bellas que las mezquitas y las sinagogas, ¿sí o no? Son más bellas también que las iglesias protestantes” Como dice Atilio, tiene el Brillo de Brigitte Bardot. Faltaba que nos enredemos en la discusión sobre qué es más hermoso, si la torre de Pisa o el Taj-Mahal. Y de nuevo la tolerancia europea: “Te estoy diciendo que, precisamente porque está definida desde hace muchos siglos y es muy precisa, nuestra identidad cultural no puede soportar una oleada migratoria compuesta por personas que, de una u otra forma, quieren cambiar nuestro sistema de vida. Nuestros valores. Te estoy diciendo que entre nosotros no hay cabida para los muecines, para los minaretes, para los falsos abstemios, para su jodido medievo, para su jodido chador. Y si lo hubiese, no se lo daría” Para finalmente terminar con una advertencia a su editor: “Te advierto: no me pidas nada nunca más. Y mucho menos que participe en polémicas vanas. Lo que tenía que decir lo dije. Me lo han ordenado la rabia y el orgullo”. Lo cual ya nos había quedado claro desde el comienzo y, de paso, nos niega uno de los fundamentos de la democracia y de la tolerancia, desde la Gracia antigua: la polémica y el derecho a réplica —la competencia de argumentos en lugar de los insultos.
Pero como yo no poseo un nombre tan famoso como el de Fallaci —ganado con justicia, no tenemos por qué dudarlo—, no puedo conformarme con insultar. Como soy nativo de un país subdesarrollado y ni siquiera soy famoso como Maradona, no tengo más remedio que recurrir a la antigua costumbre de usar argumentos.
Veamos. Sólo la expresión “cultura occidental” es tan equívoca como puede serlo la de “cultura oriental” o la de “cultura islámica”, porque cada una de ellas está conformada por un conjunto diverso y muchas veces contradictorio de otras “culturas”. Basta con pensar que dentro de “cultura occidental” no sólo caben países tan distintos como Cuba y Estados Unidos, sino irreconciliables períodos históricos dentro de una misma región geográfica como puede serlo la pequeña Europa o la aún más pequeña Alemania, donde pisaron Goethe y Adolf Hitler, Bach y los skin heads. Por otra parte, no olvidemos que también Hitler y el Ku-Klux-Klan (en nombre de Cristo y de la Raza Blanca), que Stalin (en nombre de la Razón y del ateísmo), que Pinochet (en nombre de la Democracia y de la Libertad) y que Mussolini (en su nombre propio) fueron productos típicos, recientes y representativos de la autoproclamada “cultura occidental”. ¿Qué más occidental que la democracia y los campos de concentración? ¿Qué más occidental que la declaración de los Derechos Humanos y las dictaduras en España y en América Latina, sangrientas y degeneradas hasta los límites de la imaginación? ¿Qué más occidental que el cristianismo, que curó, salvó y asesinó gracias al Santo Oficio? ¿Qué más occidental que las modernas academias militares o los más antiguos monasterios donde se enseñaba, con refinado sadismo, por iniciativa del papa Inocencio IV y basándose en el Derecho Romano, el arte de la tortura? ¿O todo eso lo trajo Marco Polo desde Medio Oriente? ¿Qué más occidental que la bomba atómica y los millones de muertos y desaparecidos bajo los regímenes fascistas, comunistas e, incluso, “democráticos”? ¿Qué más occidental que las invasiones militares y la supresión de pueblos enteros bajo los llamados “bombardeos preventivos”?
Todo esto es la parte oscura de Occidente y nada nos garantiza que estemos a salvo de cualquiera de ellas, sólo porque no logramos entendernos con nuestros vecinos, los cuales han estado ahí desde hace más de 1400 años, con la única diferencia que ahora el mundo se ha globalizado (lo ha globalizado Occidente) y ellos poseen la principal fuente de energía que mueve la economía del mundo —al menos por el momento— además del mismo odio y el mismo rencor de Oriana Fallaci. No olvidemos que la Inquisición española, más estatal que las otras, se originó por un sentimiento hostil contra moros y judíos y no terminó con el Progreso y la Salvación de España sino con la quema de miles de seres humanos.
Sin embargo, Occidente también representa la Democracia, la Libertad, los Derechos Humanos y la lucha por los derechos de la mujer. Por lo menos el intento de lograrlos y lo más que la humanidad ha logrado hasta ahora. ¿Y cuál ha sido desde siempre la base de esos cuatro pilares, sino la tolerancia?
Fallaci quiere hacernos creer que “cultura occidental” es un producto único y puro, sin participación del otro. Pero si algo caracteriza a Occidente, precisamente, ha sido todo lo contrario: somos el resultado de incontables culturas, comenzando por la cultura hebrea (por no hablar de Amenofis IV) y siguiendo por casi todas las demás: por los caldeos, por los griegos, por los chinos, por los hindúes, por los africanos del sur, por los africanos del norte y por el resto de las culturas que hoy son uniformemente calificadas de “islámicas”. Hasta hace poco, no hubiese sido necesario recordar que, cuando en Europa —en toda Europa— la Iglesia cristiana, en nombre del Amor perseguía, torturaba y quemaba vivos a quienes discrepaban con las autoridades eclesiásticas o cometían el pecado de dedicarse a algún tipo de investigación (o simplemente porque eran mujeres solas, es decir, brujas), en el mundo islámico se difundían las artes y las ciencias, no sólo las propias sino también las chinas, las hindúes, las judías y las griegas. Y esto tampoco quiere decir que volaban las mariposas y sonaban los violines por doquier: entre Bagdad y Córdoba la distancia geográfica era, por entonces, casi astronómica.
Pero Oriana Fallaci no sólo niega la composición diversa y contradictoria de cualquiera de las culturas en pleito, sino que de hecho se niega a reconocer la parte oriental como una cultura más. “A mí me fastidia hablar incluso de dos culturas”, escribió. Y luego se despacha con una increíble muestra de ignorancia histórica: “Ponerlas sobre el mismo plano, como si fuesen dos realidades paralelas, de igual peso y de igual medida. Porque detrás de nuestra civilización están Homero, Sócrates, Platón, Aristóteles y Fidias, entre otros muchos. Está la antigua Grecia con su Partenón y su descubrimiento de la Democracia. Está la antigua Roma con su grandeza, sus leyes y su concepción de la Ley. Con su escultura, su literatura y su arquitectura. Sus palacios y sus anfiteatros, sus acueductos, sus puentes y sus calzadas”.
¿Será necesario recordarle a Fallaci que entre todo eso y nosotros está el antiguo Imperio Islámico, sin el cual todo se hubiese quemado —hablo de los libros y de las personas, no del Coliseo— por la gracia de siglos de terrorismo eclesiástico, bien europeo y bien occidental? Y de la grandeza de Roma y de su “concepción de la Ley” hablamos otro día, porque aquí sí que hay blanco y negro para recordar. También dejemos de lado la literatura y la arquitectura islámica, que no tienen nada que envidiarle a la Roma de Fallaci, como cualquier persona medianamente culta sabe.
A ver, ¿y por último?: “Y por último —escribió Fallaci— está la ciencia. Una ciencia que ha descubierto muchas enfermedades y las cura. Yo sigo viva, por ahora, gracias a nuestra ciencia, no a la de Mahoma. Una ciencia que ha cambiado la faz de este planeta con la electricidad, la radio, el teléfono, la televisión… Pues bien, hagamos ahora la pregunta fatal: y detrás de la otra cultura, ¿qué hay?”
Respuesta fatal: detrás de nuestra ciencia están los egipcios, los caldeos, los hindúes, los griegos, los chinos, los árabes, los judíos y los africanos. ¿O Fallaci cree que todo surgió por generación espontánea en los últimos cincuenta años? Habría que recordarle a esta señora que Pitágoras tomó su filosofía de Egipto y de Caldea (Irak) —incluida su famosa fórmula matemática, que no sólo usamos en arquitectura sino también en la demostración de la Teoría Especial de la Relatividad de Einstein—, igual que hizo otro sabio y matemático llamado Tales de Mileto. Ambos viajaron por Medio Oriente con la mente más abierta que Fallaci cuando lo hizo. El método hipotético-deductivo —base de la epistemología científica— se originó entre los sacerdotes egipcios (empezar con Klimovsky, por favor); el cero y la extracción de raíces cuadradas, así como innumerables descubrimientos matemáticos y astronómicos, que hoy enseñamos en los liceos, nacen en India y en Irak; el alfabeto lo inventaron los fenicios (antiguos linbaneses) y probablemente la primera forma de globalización que conoció el mundo. El cero no fue un invento de los árabes, sino de los hindúes, pero fueron aquellos que lo traficaron a Occidente. Por si fuera poco, el avanzado Imperio Romano no sólo desconocía el cero —sin el cual no sería posible imaginar las matemáticas modernas y los viajes espaciales— sino que poseía un sistema de conteo y cálculo engorroso que perduró hasta fines de la Edad Media. Hasta comienzos del Renacimiento, todavía habían hombres de negocios que usaban el sistema romano, negándose a cambiarlo por los números árabes, por prejuicios raciales y religiosos, lo que provocaba todo tipo de errores de cálculo y litigios sociales. Por otra parte, mejor ni mencionemos que el nacimiento de la Era Moderna se originó en el contacto de la cultura europea —después de largos siglos de represión religiosa— con la cultura islámica primero y con la griega después. ¿O alguien pensó que la racionalidad escolástica fue consecuencia de las torturas que se practicaban en las santas mazmorras? A principios del siglo XII, el inglés Adelardo de Bath emprendió un extenso viaje de estudios por el sur de Europa, Siria y Palestina. Al regresar de su viaje, Adelardo introdujo en la subdesarrollada Inglaterra un paradigma que aún hoy es sostenido por famosos científicos como Stephen Hawking: Dios había creado la Naturaleza de forma que podía ser estudiada y explicada sin Su intervención (He aquí el otro pilar de las ciencias, negado históricamente por la Iglesia romana) Incluso, Adelardo reprochó a los pensadores de su época por haberse dejado encandilar por el prestigio de las autoridades —comenzando por el griego Aristóteles, está claro. Por ellos esgrimió la consigna “razón contra autoridad”, y se hizo llamar a sí mismo “modernus”. “Yo he aprendido de mis maestros árabes a tomar la razón como guía —escribió—, pero ustedes sólo se rigen por lo que dice la autoridad”. Un compatriota de Fallaci, Gerardo de Cremona, introdujo en Europa los escritos del astrónomo y matemático “iraquí”, Al-Jwarizmi, inventor del álgebra, de los algoritmos, del cálculo arábigo y decimal; tradujo a Ptolomeo del árabe —ya que hasta la teoría astronómica de un griego oficial como éste no se encontraba en la Europa cristiana—, decenas de tratados médicos, como los de Ibn Sina y iraní al-Razi, autor del primer tratado científico sobre la viruela y el sarampión, por lo que hoy hubiese sido objeto de algún tipo de persecución.
Podríamos seguir enumerando ejemplos como éstos, que la periodista italiana ignora, pero de ello ya nos ocupamos en un libro y ahora no es lo que más importa.
Lo que hoy está en juego no es sólo proteger a Occidente contra los terroristas, de aquí y de allá, sino —y quizá sobre todo— es crucial protegerlo de sí mismo. Bastaría con reproducir cualquiera de sus monstruosos inventos para perder todo lo que se ha logrado hasta ahora en materia de respeto por los Derechos Humanos. Empezando por el respeto a la diversidad. Y es altamente probable que ello ocurra en diez años más, si no reaccionamos a tiempo.
La semilla está ahí y sólo hace falta echarle un poco de agua. He escuchado decenas de veces la siguiente expresión: “lo único bueno que hizo Hitler fue matar a todos esos judíos”. Ni más ni menos. Y no lo he escuchado de boca de ningún musulmán —tal vez porque vivo en un país donde prácticamente no existen— ni siquiera de algún descendiente de árabes. Lo he escuchado de neutrales criollos o de descendientes de europeos. En todas estas ocasiones me bastó razonar lo siguiente, para enmudecer a mi ocasional interlocutor: “¿Cuál es su apellido? Gutiérrez, Pauletti, Wilson, Marceau… Entonces, señor, usted no es alemán y mucho menos de pura raza aria. Lo que quiere decir que mucho antes que Hitler hubiese terminado con los judíos hubiese comenzado por matar a sus abuelos y a todos los que tuviesen un perfil y un color de piel parecido al suyo”. Este mismo riesgo estamos corriendo ahora: si nos dedicamos a perseguir árabes o musulmanes no sólo estaremos demostrando que no hemos aprendido nada, sino que, además, pronto terminaremos por perseguir a sus semejantes: beduinos, africanos del norte, gitanos, españoles del sur, judíos de España, judíos latinoamericanos, americanos del centro, mexicanos del sur, mormones del norte, hawaianos, chinos, hindúes, and so on.
No hace mucho otro italiano, Umberto Eco, resumió así una sabia advertencia: “Somos una civilización plural porque permitimos que en nuestros países se erijan mezquitas, y no podemos renunciar a ellos sólo porque en Kabul metan en la cárcel a los propagandistas cristianos (…) Creemos que nuestra cultura es madura porque sabe tolerar la diversidad, y son bárbaros los miembros de nuestra cultura que no la toleran”.
Como decían Freud y Jung, aquello que nadie desearía cometer nunca es objeto de una prohibición; y como dijo Boudrilard, se establecen derechos cuando se los han perdido. Los terroristas islámicos han obtenido lo que querían, doblemente. Occidente parece, de pronto, desprovisto de sus mejores virtudes, construidas siglo sobre siglo, ocupado ahora en reproducir sus propios defectos y en copiar los defectos ajenos, como lo son el autoritarismo y la persecución preventiva de inocentes. Tanto tiempo imponiendo su cultura en otras regiones del planeta, para dejarse ahora imponer una moral que en sus mejores momentos no fue la suya. Virtudes como la tolerancia y la autocrítica nunca formaron parte de su debilidad, como se pretende, sino todo lo contrario: por ellos fue posible algún tipo de progreso, ético y material. La Democracia y la Ciencia nunca se desarrollaron a partir del culto narcisita a la cultura propia sino de la oposición crítica a partir de la misma. Y en esto, hasta hace poco tiempo, estuvieron ocupados no sólo los “intelectuales malditos” sino muchos grupos de acción y resistencia social, como lo fueron los burgueses en el siglo XVIII, los sindicatos en el siglo XX, el periodismo inquisidor hasta ayer, sustituido hoy por la propaganda, en estos miserables tiempos nuestros. Incluso la pronta destrucción de la privacidad es otro síntoma de esa colonización moral. Sólo que en lugar del control religioso seremos controlados por la Seguridad Militar. El Gran Hermano que todo lo escucha y todo lo ve terminará por imponernos máscaras semejantes a las que vemos en Oriente, con el único objetivo de no ser reconocidos cuando caminamos por la calle o cuando hacemos el amor.
La lucha no es —ni debe ser— entre orientales y occidentales; la lucha es entre la intolerancia y la imposición, entre la diversidad y la uniformización, entre el respeto por el otro y su desprecio o aniquilación. Escritos como “La rabia y el orgullo” de Oriana Fallaci no son una defensa a la cultura occidental sino un ataque artero, un panfleto insultante contra lo mejor de Occidente. La prueba está en que bastaría con cambiar allí la palabra Oriente por Occidente, y alguna que otra localización geográfica, para reconocer a un fanático talibán. Quienes no tenemos Rabia ni Orgullo por ninguna raza ni por ninguna cultura, sentimos nostalgia por los tiempos idos, que nunca fueron buenos pero tampoco tan malos.
Hace unos años estuve en Estados Unidos y allí vi un hermoso mural en el edificio de las Naciones Unidas de Nueva York, si mal no recuerdo, donde aparecían representados hombres y mujeres de distintas razas y religiones —creo que la composición estaba basada en una pirámide un poco arbitraria, pero esto ahora no viene al caso. Más abajo, con letras doradas, se leía un mandamiento que lo enseñó Confucio en China y lo repitieron durante milenios hombres y mujeres de todo Oriente, hasta llegar a constituirse en un principio occidental: “Do unto others as you would have them do unto you” En inglés suena musical, y hasta los que no saben ese idioma presienten que se refiere a cierta reciprocidad entre uno y los otros. No entiendo por qué habríamos de tachar este mandamiento de nuestras paredes, fundamento de cualquier democracia y de cualquier estado de derecho, fundamento de los mejores sueños de Occidente, sólo porque los otros lo han olvidado de repente. O la han cambiado por un antiguo principio bíblico que ya Cristo se encargó de abolir: “ojo por ojo y diente por diente”. Lo que en la actualidad se traduce en una inversión de la máxima confuciana, en algo así como: hazle a los otros todo lo que ellos te han hecho a ti —la conocida historia sin fin.
La historia está llena individuos que un día se convierten en sus propios antagónicos: amantes que se odian, ángeles que caen del cielo a los abismos más oscuros, moderados que se vuelven fanáticos y fanáticos que se pasan al bando opuesto.
La historia de las civilizaciones registra casos similares pero rara vez alguien puede observar la dirección desde la breve experiencia de la vida propia. Con frecuencia, cuando los vientos soplan hacia el Este, el huracán se dirige hacia el Oeste. Durante gran parte de la Edad Media, la civilización islámica fue el centro de la racionalidad sobre la autoridad intelectual mientras la Europa cristiana se entretenía en las explicaciones religiosas de los fenómenos naturales y se basaba en el arbitrio de la autoridad para liquidar cualquier discusión. La tolerancia hacia las otras grandes religiones era más común en el mundo musulmán que en el mundo cristiano.
Pero en cierto momento de lo que luego se llamaría Renacimiento los roles comenzaron a cruzarse hasta alcanzar, en muchos casos, una situación inversa a la existente en la Edad Media.
Lo mismo ocurrió a una escala menor con los partidos políticos: En Estados Unidos, los republicanos eran los liberales y los demócratas los conservadores el sur esclavista hasta que cambiaron de roles y hoy se odian por sus valores supuestamente contrarios. En América latina no son raros casos similares donde la izquierda liberal del siglo XIX pasó a representar los intereses y narrativas de la derecha liberal del siglo XX.
En todos los casos vemos un factor común: una sostenida lucha antagónica desde lo militar hasta lo dialectico, lo que recuerda una observación de Jorge Luis Borges: “hay que tener cuidado al elegir a los enemigos porque uno termina pareciéndose a ellos”.
Es probable que en nuestro presente estemos (1) inmersos en un punto de cruce semejante, donde Oriente y Occidente se intercambian roles o (2) como anotamos más arriba, solo se trate de un ciclo menor (una reacción) con dirección contraria al súper ciclo.
En casi todo el mundo, las democracias liberales están teniendo problemas económicos. No se trata tanto de que estén sumidas en la pobreza sino de que sus crecimientos son inferiores a los registrados por los países con sistemas menos democráticos y, en casos, el crecimiento de sus economías no es suficiente para sostener sus actuales niveles de vida.
Lo contrario ha estado ocurriendo con países comunistas como China o Vietnam. Singapur, una sociedad diversa, multi religiosa, con los mayores índices de desarrollo social y económico del mundo, no califica para democracia plena. Al menos según el estándar occidental. Incluso la China liberal, Hong Kong, empieza a perder terreno competitivo con Shenzhen, su vecino comunista. Estos países comunistas han adoptado un capitalismo de mercado más globalizado mientras las democracias liberales se mueven en el sentido contrario hacia la antiglobalización, los nacionalismos y nuevas propuestas proteccionistas. En el medio, las “democracias iliberales” de Putin en Rusia, Erdogan en Turquía y Orban en Hungría.
Estados Unidos, Europa y Japón ya perciben el declive de sus hegemonías y reaccionan negando la realidad con sus nacionalismos más autoritarios, menos liberales, en nombre de la seguridad y la restauración de un pasado que no puede volver sin causar más declive aun.
Un aspecto crítico de este cambio de roles, en cuanto a su manifestación económica, consiste en el factor “predictibilidad”. Irónicamente (aunque no es una contradicción), los capitalistas están hoy más seguros con gobiernos comunistas, como el chino, y menos con gobiernos capitalistas. No el resto de la tradición liberal, si consideramos que quienes no poseen grandes capitales todavía consideran que hay ciertos valores, como la libertad de expresión y otras libertades que no se dan en China y su éxito económico no justifica perderlas.
Este grupo suele ser identificado en Estados Unidos y en Europa con las izquierdas (antes acusadas de lo contrario) mientras que las derechas, fortalecidas por el sentimiento de frustración, se refugian en un nacionalismo dispuesto a cambiar ciertas libertades y ciertos valores (como la diversidad y el cosmopolitismo) por un supuesto renacimiento o una supuesta “recuperación de sus países”. Nada de esto preocupaba tanto cuando las economías iban mejor y, sobre todo, cuando no se percibía el declive, la pérdida del poder hegemónico o imperial, cuando los pobres eran los comunistas o los países del tercer mundo (que también eran capitalistas pero dependientes servidores del centro).
La relación del capitalismo con las democracias siempre fue una relación de interés, no de amor, pero hoy podemos ver un capitalismo postdemocrático sin prejuicios. Hay algo que todavía tiene en común con el capitalismo moderno y posmoderno: aunque todavía elogia el espíritu de riesgo de sus individuos, detesta la imprevisibilidad, eso mismo que las todavía democracias liberales han demostrado sufrir en un alto grado. s
De hecho, es un valor que el presidente Trump se ha encargado de destacar en su persona, mucho antes de ser elegido presidente. Es un valor del hombre de negocios que regatea y presiona, pero un arma peligrosa, tal vez suicida, para un presidente. En sus primeros cien días de gobierno, Trump se ha dedicado a revertir todas las políticas y logros del presidente anterior, desde las reformas al sistema de salud hasta los acuerdos comerciales internacionales. Lo mismo puede ocurrir en cualquier país de Europa.
Dese un punto de vista democrático no parece mal: las sociedades deben tener la opción de cambiar aunque, por lo general, sea solo una ilusión necesaria. Sin embargo, para bien o para mal, toda esa imprevisibilidad de hacer y deshacer significa más de lo mismo: las actuales democracias liberales son tan imprevisibles que no se puede confiar ni en sus propios acuerdos. Los países que negocian con ellas negocian con hombres y mujeres que están en el poder cuatro u ocho años y luego son reemplazados sistemáticamente por un antagónico, ya que la insatisfacción de la población es cada vez más frecuente.
Según un estudio reciente de los profesores Stephen Broadberry y John Wallis (“Growing, Shrinking and Long Run Economic Performance”) el factor que explica el aumento del crecimiento económico en los últimos siete siglos no se ha debido a la mayor producción sino a las menores recesiones y, según los datos extraídos de un estudio posterior, este fenómeno no se explica por factores demográficos o por las grandes invenciones sino por la capacidad de las cortes de resolver disputas basadas en reglas previamente establecidas. Es decir, predecibles.
Más allá de muchos otros factores (como la justicia de reglas establecidas por los vencedores a escala social e internacional), parece aún menos discutible el hecho de que la previsibilidad es lo que atrae a los dueños del dinero, también en nuestro mundo posliberal. Es ahí donde los países no democráticos de Asia se benefician de una mayor apertura y liberalización económica mientras que las democracias liberales corren la suerte contraria.
Una posible consecuencia a largo plazo puede ser un corrimiento aún mayor de Oriente hacia sociedades más democráticas y abiertas al tiempo que Occidente decide moverse en sentido opuesto, lo que confirmaría lo anunciado en “El lento suicidio de Occidente” (2003)
La otra posibilidad es nuestra mayor esperanza: que Occidente reaccione y no se deje seducir por lo peor de sí mismo. Ejemplos tiene de sobra en su propia historia.
Ambas posibilidades están ahí, vivas, latentes. Tal vez todo dependa de una de las mayores virtudes humanas, que es también su mayor peligro: la libertad de tomar sus propias decisiones.
Como en el caso de Amira Lawal y muchos otros de los que nos ocupamos hace más de diez años (ej. Fatwa, Shari’a y la guerra de los sordos), aparte de las pulcras masacres occidentales tenemos que seguir enterándonos de las barbaries al mejor estilo medieval, como el reciente ajusticiamiento de una mujer afgana por delito de adulterio. [1]
Un día de 1996 leí en el diario cómo los Talibán obligaron a un hermano a ajusticiar a otro en un estadio. La ciudad de la Luna (originalmente desde 2001 se llamó La sociedad perfecta y luego Santa) está tristemente inspirada en este tipo de medievalismo oriental y occidental. Unos masacran de forma más civilizada y otros con estos rudimentos. Unos por imbéciles y otros por vivos de más, unos por acción y otros por reacción.
Todos con muy buenos argumentos de parte de Dios, la Justicia y la Libertad.
141, BIENINTENCIONADOS. La Inquisición asesinó en nombre de Dios; la Revolución Francesa en nombre de la libertad; el marxismo-leninismo en nombre de la igualdad. Durante el pasado siglo XX, Dios, la Libertad y la Igualdad representaron verdades absolutas, caras a espíritus nobles y diversos. Para cada grupo de creatruras, la imposición de su verdad era básica para el destino de la Humanidad. Pero la Libertad moderna se oponía a Dios, según los fundamentalistas; la Igualdad socialista se oponía a la Libertad, según el capitalismo; y la religión y el opio se oponían a la Igualdad del pueblo, según los marxistas. —Durante el pasado siglo XX la sangre corrió siempre en nombre de Dios, la Libertad y la Igualdad. Pensamos que en el próximo siglo la sangre seguirá corriendo, aunque ya no necesitará de tan nobles excusas para hacerlo.
Crítica de la pasión pura, 1997.
La verdad es que me importa un carajo (es decir, sí me importa, pero muy, muy poco y cada vez menos) si alguien lee alguno de mis libros, porque sin falsa modestia sé que no valen nada al lado de cualquiera de la más sutil miseria humana. Pero como cada tanto me dejo enredar estúpidamente en discusiones vanas, y como me lo han pedido más como desafío que por amistad, ahí va parte de ese libro (y no me jodan más, que un esfuerzo estoy haciendo para que el mundo me importe cada vez menos y parece casi siempre en vano): desde p. 250 a 255 >>
Está de más recordar que en nuestro civilizado occidente mueren miles de mujeres por año a manos de sus esposos, dueños o amantes y esta realidad no escandaliza al mundo de la misma forma que estos primitivos. La única diferencia es que nuestras leyes lo condenan. Los ajusticiamientos no son tan diferentes.
de La ciudad de la Luna (2009)
(páginas 250-255)
[…]
A la séptima o a la octava noche, tal como había predicho el doctor, se le quitaron las manchas. Cuando el doctor ordenó subirlo y vimos que ya no tenía la peste, su prestigio, que ya era considerable, se duplicó, dando crédito a cualquier cosa que viniese de la misma boca.
El tiempo había desmejorado. Un clima imposible se instaló durante tres días sobre el desierto de Calataid. Soplaba un viento gélido del norte, cargado de lascas de hielo que pinchaban la piel de la cara. Abajo, en el aljibe, Ramabad no había notado este cambio. Pero afuera el frío era insoportable. Quizá este fenómeno había sido una de las razones para que las cosas se precipitaran. La espera en la plaza comenzaba a impacientar a la gente; corrían el riesgo, también nosotros, de pescarnos una nueva epidemia, esta vez de gripe.
Llevaron a Ramabad a la plaza Matriz, en un carretón cerrado, vigilado por dos muchachos que no conocía. Iban uniformados de alférez. En sus rostros aún podían verse vestigios de una infancia muy reciente, disimulada por un gesto adusto que habrían copiado de algún alférez experimentado, que les había enseñado a ser hombres y a amar a su patria con fanática obediencia. Sus ojos reflejaban todo el orgullo de los guerreros que aún no han muerto. Todo hacía pensar que también habían llevado de esa forma a los trovadores.
En la plaza se había reunido todo el pueblo. El alivio que había comenzado a sentir al salir de la torre de Abel terminó cuando escuchó de lejos a la multitud, murmurando. Era como si en su cabeza hubiesen apoyado una pesada máquina moledora de maíz y en ese momento la hubiesen puesto a funcionar. Podía sentir cómo los dientes de la rueda atrapaba los granos y los trituraba, haciendo ese crujido característico que se escuchaba siempre en el molino de Paco.
Una vez en la plaza, lo empujaron hacia el centro y le desataron las manos. El nuevo monaguillo dijo una frase en latín que Ramabad no comprendió. Luego un funcionario con uniforme azul puso en sus manos un hacha de picar leña y me indicó el camino. En el centro habían construido una plataforma de madera. Olía a leña fresca. Arriba estaba el asesino, revolcándose, envuelto en una tela negra.
—Terminemos con esto de una sola vez —dijo el hombre y se retiró.
Ramabad hizo un gesto de desaprobación; o de temor. Tomó el hacha pero la dejó caer al suelo. Una expresión de fastidio general se hizo sentir con pocas palabras. A un costado, pero muy cerca de allí, un grupo de mujeres murmuraba una oración, tal vez un rosario en latín. Al principio pocos las reconocieron por sus vestidos largos y oscuros. No eran las monjas teresitas, porque las santas del convento nunca salían de sus oraciones; probablemente no supieran que ya se había resuelto el enigma del cantinero (probablemente no supieran que el cantinero había sido asesinado). Luego se supo que las mujeres pertenecían a una rama escindida de la iglesia del pastor George Ruth Guerrero y, a pesar de sus votos protestantes, habían encontrado en el estudio del latín un camino al origen de la verdadera fe. Pero en la deforme cabeza del Basilisco estas palabras incomprensibles rebotaron sin encontrar un sentido. Miró hacia los costados y vió una multitud sin límites, llenando cada uno de los rincones de la plaza y de las calles y los callejones que iban a dar ahí. No gritaban, pero rugían como el mar que había visto en una película, días antes. La máquina de moler maíz volvió a dar vueltas y a hacer estallar los granos mientras el asesino se revolcaba en el centro, emitiendo gemidos que no se oían claramente porque un paño le llenaba la boca.
Advirtiendo la incipiente desobediencia de reo, el alcuazil se abrió paso entre la multitud hasta alcanzar el centro. Con una estaca trazó una línea casi imaginaria en el suelo gastado de la plaza, y dijo:
—Aquellos que son del lado de la justicia, deste lado, e aquellos que no, dellotro.
Hubo alguna tímida protesta, pero finalmente todos se pusieron “deste lado” Es decir, el asesino y Ramabad quedaron del otro.
—No tiene nada que temer —intentó consolarlo Aquines Moria—. Cumpla con su deber de ciudadano e cruce la línea. Sus hijos serán agradecidos un día. Tendrá pagado ansí todos sus pecados e los pecados de sus padres.
—¡Vamos, no tenemos toda la noche! ¡Congelamos nos!
Cumplió con su deber. Golpeó al asesino con el revés del hacha. No quería cortarlo, no quería sentir el filo en la carne, no quería ver sangre. Sólo quería que se dejara de mover, como un pez afuera del agua. Sólo quería acortarle el tormento de alguien que sabe va a morir, tarde o temprano, en medio de una multitud excitada y gozosa.
—¡Mata élo, mata élo de una vez!
Le dio otro golpe, esta vez un poco más fuerte que el anterior.
—¡Divino! ¡Mata amí también! —gritaba una mujer, tocándose los senos.
—Isso es, mi gallo, mata élo de una vez —gritaban todos al mismo tiempo.
—¡Mata élo! —uno.
—Sabía que no iba a nos defraudar —otro.
—Es uno déllos nuestros —y otro más.
Siguió golpeando con fuerza la bolsa negra, pero no había caso. No había forma que se quedara quieta.
—¡Divino! —seguía gritando la mujer de los senos enormes¾. No apurés vos tanto.
—Sí, termina élo de una vez —pedía otro.
—¡En la testa!
—En la mollera, más aí.
—Eso es, en la testa.
Sin duda, era una buena idea. Con la algarabía, no se le había ocurrido. Tenía que haber comenzado por allí, con un solo y preciso golpe. Esa hubiese sido la mejor forma de evitarle tanto dolor.
—¡Termina élo, termina élo!
Fue en la cabeza. Sólo así dejó de retorcerse y la gente saltó de alegría.
El Basilisco estuvo sin sentido un largo rato. Cuando el griterío aflojó, como una tormenta de arena que se retira, Ramabad se acercó al asesino y lo sacó de la bolsa. Tenía el traje de pájaro puesto. Lo habían agarrado así o lo habían obligado a ponérselo, para terminar no sólo con el asesino del cantinero sino, sobre todo, con el mito del pájaro; mito que seguramente a esa altura ya se había confundido con el gallo negro, el cual, se decía, no era posible verlo dos veces sin morir de un infarto.
Sus ojos apenas se movieron para quitarse la sangre que no le dejaban ver. Estaba reventado. Quiso decir algo, algo importante, algo que debía importarle más a Ramabad que a ella misma (o eso le pareció a Ramabad) Pero su rostro se quedó en una especie de sonrisa pensativa. Y no parpadeó más.
El pájaro se había quedado mirando hacia la nada, como pensativa. Después fueron dos hombres y se la arrancaron de los brazos, la sacaron de la bolsa negra y de su traje de pájaro y la arrojaron sobre una mesa. Y allí quedó durante horas, extendida sobre un río de sangre congelada, expuesta su cuerpo para euforia de los viejos y decepción de los trovadores. Sólo los críos tenían prohibido presenciar el cuerpo deformado del asesino. Pero todos adivinaron lo sucedido.
Esa misma noche, cuando el pueblo no salía aún de la excitación de la justicia, el gran salón que se había convertido en la celda de los descamisados ardió fuego. Seguramente se trató de un suicidio colectivo, aprovechando la donación de colchones que hizo ese mismo día el alcuazil. Uno de los pedritos que estaba de guardia acusó a los trovadores de negarse a usar los colochones y luego de liderar el mismo incendio. El fuego resultó imparable y alumbró la noche de Calataid, desde la muralla de Lázaro hasta la de Santiago. Si bien no fueron llevados a camposanto, se les rindió un breve homenaje a las víctimas de la peste y se los enterró en una fosa común. También se enterró la memoria de los alaridos, alucinados pidiendo auxilio a carcajadas en medio de la noche, recitando versos como si fueran himnos sin patria e sin dios. Entre los incomprensibles alaridos de alegría se escuchó repetidas veces la invocación a Isabel de la Cruz y al pájaro, al pájaro como la última líder de los alumbrados. Pero esto (había respondido Ramabad) sólo se debía a la imaginación de Calataid. Ni siquiera era la imaginación propia de los testigos que se amontonaron fuera de la comisaría; era Calataid la que deliraba a través de sus óranos humanos, la que paría fantasmas y devoraba carne humana.
Todo volvió al orden, lentamente. El loco de la trompeta se sentó extramuros a esperar el tren y allí permaneció como un mendigo. Secretamente, todos sabían qué esperaba y, también en secreto, todos esperaban la aparición del tren, por última vez. Mientras tanto, Ramabad decía que el desierto sepultaría la ciudad maldita. Le perdonaron esta repetida ofensa porque estaba loco, porque sus días estaban contados y porque finalmente reconocieron que Evita comenzaba a desbordar la muralla de Santiago. La próxima tormenta de arena —decía Ramabad—, la próxima tormenta olvidará la ciudad santa. Entonces, la despreciable humanidad nunca se enterará de su orgullosa existencia, de su heroica misión en la tierra.
La noche siguiente, algunos seguidores del pájaro recordaron, en voz baja, en un rincón de la placita triangular de San Patricio, el día del juicio. Recordaron cómo su propio hermano lo había matado con un hacha, desprendiéndole las piernas del resto del cuerpo. Y alguno, incluso, dijo que antes de morir, poco antes de alzar el vuelo, el pájaro había recitado:
Realidad es la locura que permanece
y locura es esta realidad
que ya se desvanece
Y como una maldición, continuaron recordando otros versos. Nadie sabe quiénes fueron los primeros en guardar los hechos de la Restauración y los versos prohibidos de Calataid. Ni siquiera, nadie supo si algunos versos habían sido recordados la noche siguiente a la ejecución o nacían de las bocas murmurantes de los nuevos recitadores. Pero en cualquier caso, decían que eran los versos del pájaro, y su virtud consistía en haber continuado escribiendo muchos años después de su muerte. No más allá de Calataid, porque quienes lo intentaron murieron ahogados en el desierto.
Tenía la misma mirada de siempre, aquella mirada joven y terriblemente triste. No era la mirada de un hombre o de una mujer que nace triste, pensaba, como quien nace sin piernas y no se resigna a su destino. Más bien era la mirada de alguien que nace sin piernas y un día comienza a esperar un milagro que le devuelva en una noche los pies, las rodillas, los pasos, las caricias sobre la liberad recuperada, hasta que se despierta y comprende que todo había sido un sueño. Estafada por sus propias ilusiones, engañada por sus propias esperanzas. Era una de esas miradas repentinamente tristes que conservó por años, como si algo o alguien le hubiesen destruido una ilusión secreta, largamente conservada, un día cualquiera, así, de golpe, y ya no le quedase más que la desesperanza y el reconocimiento de toda su impotencia, revelada como un día al despertar de un sueño luminoso en donde la amante no existe; o mucho peor aún, en donde el amor existió pero ya no la persona amada.
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